A Dr.ª Geninha era uma figura distinta, educada e cortês do Calhabé.
O Joca sempre a vira como simpática, disponível e com um sorriso no rosto. Parecia impossível estar mal disposta. Sempre amável, sem deixar a sua zona de conforto, e sem dar grandes possibilidades de outras aproximações. A Geninha para os amigos, Dr.ª Geninha para os restantes, cidadã exemplar, tinha orgulho na sua contribuição para uma sociedade menos má. Para isso, era uma escrupulosa cumpridora da lei e das regras sociais.
O Joca, passados 750m de fila lenta e trânsito compacto, ainda estava de boca aberta. A Dr.ª Geninha, no seu Mazda 2, tinha dado passagem a um Golf, pois a fila era compacta e a simpatia, mais uma vez, imperou. O Joca, 2 carros atrás, não conseguiu perceber o género do condutor do Golf. Depois de algumas hesitações mútuas, o Golf parou e deixou-se estar. Dr.ª Geninha - a condutora, ficou furiosa. Protestou. Provavelmente, deve ter chamado alguns nomes impossíveis de sair da Dr.ª Geninha - a não condutora, pois o tom e a cor facial assim o indiciava. A cara estava transfigurada. Até fez um gesto daqueles em que se vai com a mão aberta rapidamente para cima, e deixa-se ficar durante algum tempo lá em cima, acompanhado de um "Já não se pode ser simpática! Se não queres entrar, apodrece aí" especulava o Joca sobre os possíveis comentários que deveriam ter saído da sua boca. Não acreditava que tivesse ido mais longe do que isto. Felizmente não chegou ao manguito, ou o Joca perderia a fé no ser humano.
Ah! Como é diferente a Dr.ª Geninha - a condutora da Dr.ª Geninha - a não condutora!
2 comentários:
Às vezes é melhor ir caminhando, dá menos estresse.
Olá Anabela!
Nem sempre dá para ir a pé!
Mas quando dá, é melhor!
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