Diálogos Épicos


Há diálogos que se tornam épicos! Tornam-se indispensáveis e tornam as partes do diálogo maiores do que cada um individualmente. É um dos casos em que o todo é maior do que a soma das partes. Todos ganham com os diálogos, normalmente não muito cordiais e com jogo psicológico e fortes ironias de pelo menos uma das partes. Já falámos por aqui de alguns destes diálogos. Alguns dos mais famosos são os célebres e saudosos Mourinho+Ronaldo+Real Madrid x Guardiola+Messi+Barcelona, como podemos recordar em http://meababel.blogspot.pt/2010/12/5-na-pa.html ou em http://meababel.blogspot.pt/2012/02/como-admirar-o-barcelona-e-o-mourinho.html. Quem não gostava de assistir aos diálogos pré e pós jogos entre rivais desta envergadura? 

Também os diálogos entre a Pepsi e a Coca-Cola são frequentes e majestosos. Exemplos? Aqui está um: http://meababel.blogspot.pt/2011/02/coca-cola-vs-pepsi.html

Outro exemplo de que já demos conta foi um diálogo entre empregado que se despede de forma original e a resposta do seu empregador: http://idibabel.blogspot.pt/2013/10/carta-de-despedimento-original.html

Surgiu recentemente outro diálogo interessante e que rapidamente se tornou em triálogo  com um tuga anónimo?, o Salgueiro, que se intrometeu no diálogo entre o Van Damme e o Chuck Norris e que dá corpo ao lema mais com menos:



Mas voltando ao início deste diálogo, Van damme começou com um épico momento para retratar a estabilidade dos camiões Volvo:


Chuck Norris respondeu:




No final, o supracitado Salgueira dá uma resposta igualmente difícil, que teve o mérito de transformar o diálogo em triálogo e que dá um interesse acrescido à questão, principalmente pela dificuldade em estabilizar carrinhos de super-mercado!


Podíamos continuar com diversos diálogos épicos, mas encerramos com mais um a envolver carros e animais, nomeadamente a Mercedes e a Jaguar, com galinhas e outros felinos! 

A Mercedes fala do seu Magic Body Control:


A Jaguar responde com cat-like reflexes:


Diálogos entre mestres! Não é divinal?


Brazuca e Ohhh! Não me digas!!!


No dia da apresentação da bola oficial do Mundial de 2014, a espetacular Brazuca, deu-se luz no nosso ex-PresidenteMadaíl suspeita que FIFA protege... a França!

O Mr. Falácias, vulgarmente conhecido por Platini, voltou a atacar. Já nos brindou com grandes momentos, como em Platini e a suprema arte de cuspir para o ar, e agora, Mr. Falácias fala num potencial favorecimento de CR7 na entrega da bola de ouro mas, como é seu apanágio, esquece-se de falar num continuado favorecimento da seleção francesa, que é evidenciado com a não utilização de rankings oficiais para a tomada de decisões racionais, e que deixaria a França ir diretamente para o pote das seleções não europeias, optando-se por um sorteio que tem algo de injusto, como se pode ver FIFIA vai sortear a selecção europeia que vai saltar para o pote 2! Seria como trocar o prolongamento ou as grandes penalidades na decisão de um jogo empatado pela moeda ao ar, ou pelo "umdolitá"!

Felizmente, há futebol dentro das 4 linhas!

O Forrobodó em grande: viagens com o nosso dinheiro


Não sendo novidade, não podemos deixar que estas notícias nos deixem surpreender. Não é suposto que os nossos impostos e taxas sejam para Gastar dinheiro público em turismo sexual e excursões à Disney. São estas "odes ao disparate" que fazem com que se tenha chegado ao esbanjamento e descontrolo que, no seu global, contribuem para que a situação seja difícil. Já Confúcio dizia: "transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha."Ou, como diz o provérbio húngaro, "todo o bocadinho acrescenta, disse o rato. E fez xixi no mar!" ou ainda o nosso portuguesíssimo "Grão a grão enche a galinha o papo!". Esta sabedoria proveniente de diferentes locais e tempos, apenas confirmam o resultado final do disparate (ou de diversos disparates pequenos a contribuir para o mesmo) 

Há estudos que dizem que no futuro, serão as andróides as principais acompanhantes. Pode ser que saia mais barato ao erário público  http://www.mundodrive.com/tag/androides. Quem sabe se em vez de pagarem várias viagens, fazem casas da especialidade, pegam nos andróides e os levam para os seus municípios, diminuindo os gastos associados às viagens de turismo.

Reformar a idade da reforma... e as exceções!



A idade da reforma vai passar (em 2014) para os 66 anos e o tema deixa-me duplamente a pensar. Primeiro, porque no alto dos meus 31 anos tento avistar o futuro e a névoa lá longe não me deixa observar qual será a idade da minha reforma, nem quantos anos terei eu que trabalhar e descontar cada vez mais, para que, em 2040 tenha direito a “qualquer coisita”. 

Infelizmente sou daqueles que acha que a meio da minha “maratona” isto há de dar o “crash” e quando for “Senhor Merecedor de Qualquer Coisita” não haverá nada para mim. Por isso, nada melhor do que começar a precaver. Mas, e da maneira que estão os bancos, voltarei com certeza à velha técnica de guardar debaixo do colchão. Isto no dia em que conseguir começar de novo a poupar.

Em segundo lugar, assusta-me quando entramos no capítulo das exceções. Não quero com isto dizer que seja injusto a exceção para camionistas, pilotos e até as bordadeiras da Madeira (por quem tenho o meu maior respeito). Contudo, e novamente apenas no alto dos meus 31 anos (muito tenho ainda para aprender e crescer), assusta-me o diminuto leque de exceções e creio que, assim à partida, me lembraria de mais três ou quatro casos de possíveis exceções.

 Mas, vou apenas dar como exemplo o percurso profissional da minha própria mãe. Foi empregada de mesa durante 26 anos, carregando travessas, caçoilas de barro, mesas, cadeiras… horas a fio em pé e como resultado teve: coluna completamente torta, três operações às varizes, tendinites nas mãos. Motivos mais do que suficientes que a levaram a deixar a hotelaria. Contudo, hoje, e com apenas 52 anos (sim, porque esta é a idade das avós dos meus filhos. Avós que ainda têm muito que contribuir para a Segurança Social), é já há cerca de sete anos auxiliar num centro de dia, tendo como sua principal função a de transportar, alimentar e cuidar dos idosos e dos seus afazeres. E é aqui que me cabe mais uma questão: quando a minha mãe tiver 66 anos e ainda obrigação legal de estar a trabalhar, que diferença existe entre a minha mãe com 66 e o idoso com 67 que ela terá de acompanhar até casa, carregando os seus sacos, lavar e deitar na cama, a quem terá de servir a refeição, entre outros.
Isto, se na altura da reforma da minha mãe a idade não tiver já aumentado um pouquinho mais…

Por isso, quando me falam em exceções, não consigo evitar que me venha à imagem a minha mãe, com a coluna completamente destruída, as pernas a doer e as mãos praticamente sem mexer, no alto dos seus 66 anos (ou mais) a sair da carrinha que hoje conduz, a puxar das moletas que estarão entre o acento e a porta e a tentar equilibrar nas moletas: a comida, os afazeres do idoso e claro o próprio velhinho. O que mais me custa é que conhecendo a minha mãe como conheço fará tudo isto de sorriso no rosto!

Dias que deviam durar uma semana Luso Lousã?

Há dias que deviam durar uma semana. Hoje foi um desses dias. Um dia diversificado e com presença em locais que só podem agradar a quem os conhece. Hoje foi dia de ir a duas vilas belíssimas, em duas serras de uma beleza estonteante que é um desperdício se não se visitar. 

O dia começou no Grande Hotel do Luso que tem imensos motivos para ser visitado. Depois de uma passagem breve por Coimbra, fui à Lousã e ainda deu para passar pelo Hotel sito na Casa dos Salazares, o Hotel Melià da Lousã! com direito a uma ida à casa de chá, perto da igreja matriz e onde foi engolido à pressa um chá de limonete produzido na região.

O final do dia foi na sempre maravilhosa escola agrária, mais precisamente, na escola de negócios do Iscac, para ouvir falar de dois mundos fascinantes: a gestão e o desporto. Esteve presente a oradora Clara Luxo, apresentando um estudo sobre a gestão e a importância das atividades desportivas em competências-chave resultantes dessa prática desportiva. 

Fascinante!



A Xico-Espertice é internacional, como prova Doria Tillier

Muitas vezes, fruto da maior proximidade, assumimos a xico-espertice como uma característica do Português. Enganar o próximo com pinta, fugir aos impostos, estar com o subsídio de desemprego a trabalhar, declarar mais filhos do que se tem, enfim, não faltam situações que ilustrem a nossa xico-espertice. Felizmente, todos os dias aparecem notícias que não nos deixam esquecer que esta qualidade não é nossa pertença, mas devemos dividi-la com inúmeros terráqueos espalhados por este planeta azul. Esta Doria Tillier prometeu despir-se se França fosse ao Mundial... e cumpriu, mas cumpriu com uma dose de xico-espertice que deixa a sensação de satisfação, por um lado, pois não estamos sós no mundo, e por outro lado um incómodo sentimento de desilusão, pois a forma como entrou de peito feito, fez com que todos nós, mesmo sendo "contra-natura", apoiássemos a seleção francesa. Escolheu uma câmara a 500 metros. Para quê? Podia-se despir e apresentar o tempo atrás de um biombo. Podia apresentar em formato de rádio. Podia apresentar na Gronelândia, com as câmaras apontadas diretamente de Paris para lá; Podia apresentar em debaixo de água em noite escura; Sendo transmissão à distância, podia ainda usar o Skype sem imagem. Tal como para o bacalhau há 1001 maneiras de cozinhar, também a Doria teria 1001 formas de apresentar a meteorologia. Mas não deixaria de ser xico-espertice. Seria preferível assumir que disse aquilo num assomo de loucura, ou que estava completamente convicta que os gauleses nunca conseguiriam ultrapassar a Ucrânia, que tinha tomado Grappa misturada com Xanax ou Coca-Cola (não Pepsi), com aspirina ou qualquer outra coisa, e todos compreenderíamos que tinha sido desbocada, tinha sido boca-rota e falado demais, tendo que recuar no que foi dito no meio da sua impetuosidade. Assim, apenas nos retiraram algo que pensamos sempre ser exclusivo nosso: a xico-espertice.

A Xico-Espertice é Internacional, ou como diria o outro:
Hoje em dia, a palavra vale menos que nada!!
Em determinados meios dir-se-ia que esta, mais tarde ou mais cedo, estará na política!

Desjejum, quebra-jejum, mata-bicho, pequeno-almoço ou café da manhã,



Diz-se que o pequeno almoço é a refeição mais importante do dia. Relativamente às refeições, diz-se que devemos tomar um pequeno almoço de rei, um almoço de príncipe e um jantar de pobre. Dos 15 pequenos almoços apresentados em Pequenos almoços pelo mundo, os que mais me fascinam (pelo aspeto), são o English Breakfast, o Waakye do Gana e o pequeno almoço mexicano. Esta lista de 15 foi retirada de uma lista de 50, que podemos ver em 50 pequenos almoços pelo mundo, elaborada por Victoria Philpott. Agrada-me o pequeno almoço israelita, o filipino ou o canadiano. Há uns quantos que seria interessante experimentar, mas sempre com o nosso pequeno-almoço mais tradicional ao lado, para fazer face a alguma eventualidade. É impressionante a variedade que existe em diferentes culturas, como já tínha visto em viagens e diferenças culturais. E tu? Que pequeno almoço preferes?

Chuva em Novembro, Natal em Dezembro! Já era!


Há tanta gente que usa o chavão "Natal é quando um Homem quiser!" e, quando o sr. Maduro põe em prática o que é dito há anos, todos olhamos para ele estupefactos! 

O sr. Maduro apenas põe em prática o que diz!!! Quem sabe se foi Chavez que disse aos operários do túnel que o Natal devia ser em Novembro! 

O sr. Maduro mata dois coelhos com uma cajadada só: põe em prática as palavras ditas sem consequências e põe fim a um mito urbano que nos dizia: "Chuva em Novembro, Natal em Dezembro!". Boa sr. Maduro!

[Sábado]

Requiem

 
Hoje, a palavra jogo significa certamente programa informático de lazer, distribuído através de CD, DVD ou por descarga da Internet, destinado ao entretenimento individual do utilizador.

Mas já houve um tempo em que jogo era uma coisa completamente diferente. Um jogo era uma caixinha de papelão, que tinha lá dentro um tabuleiro – também de papelão – algumas peças de madeira, plástico ou papel e um livrinho que explicava como se jogava. Depois, era necessário convidarmos os amigos – quantos mais, melhor! – para jogarmos.

Às vezes, havia discussões. Começavam geralmente porque alguém tinha feito batota – roubar uma nota da banca no Monopólio ou contar duas vezes a mesma casa para evitar uma casa preta no Jogo da Glória – mas acabavam sempre bem. Havia um vencedor e vários vencidos, mas não havia tiros nem ninguém morria. Era divertido.

A malta nova – se calhar – não entende; mas tenho a certeza que todos os quarentões aqui do sítio sentirão um aperto no coração ao saberem que a Majora fechou.

Relações com animais: uma certa desorientação


O debate sobre temas que envolvam animais alcança, normalmente, dimensões irracionais. Foi, é e será assim com as touradas, foi, é e será assim com o ataque de animais a seres humanos, foi, é e será assim com testes de diversa ordem nos animais, é e será assim com a versão vegetariana do ser humano, e é assim com o debate sobre animais domésticos e deveres e direitos dos próprios e de seus donos. A dimensão da questão ultrapassa o debate racional e apela às emoções mais básicas, primárias e incontroláveis, colocando-o num nível de discussão animalesca, com cacarejos, grunhos, arrulhos, guinchos, bramidos e até chilreios de diversos atores, provocando uma desorientação coletiva pouco desejável.

O Hércules da fraqueza


Ficheiro:Hercules Musei Capitolini MC1265 n2.jpg


Hoje quando lia a edição on line do Expresso foi inevitável a vinda à memória da expressão que a minha avó materna tanta vezes utilizou para me caracterizar quando estava a tentar fazer alguma coisa avançada demais para a minha idade. Ou quando simplesmente me mostrava (pela oratória) mais forte do que aquilo que era realmente. Ou quando me fazia de “valentão” e tentava alcançar o inalcançável. Perante qualquer um destes três cenários, a avó Milinha dir-me-ia: “Pareces o Hércules da fraqueza!”

Nesta mistura de metáfora com antítese, a minha avó queria mesmo dizer-me que estava no bom caminho para alcançar alguma coisa, mas que na verdade era ainda prematuro dizer que o iria conseguir num futuro próximo, o mesmo é dizer em curto espaço de tempo.


Hoje lia então na edição on line do jornal Expresso: “Na abertura das jornadas parlamentares conjuntas do PSD e do CDS, o vice-primeiro-ministro elogiou o esforço "hercúleo, digno e doloroso" dos portugueses”. Palavras de Paulo Portas para esclarecer (ou não) o povo que "é possível que Portugal esteja a poucas semanas de saber oficialmente que saiu de uma recessão técnica que durou mil dias", o que "tem uma tradução, a prazo, na vida das pessoas".

Ora, se fosse eu, Miguel Midões, a chegar hoje a casa da avó Milinha e dissesse tamanha afirmação à mesa do jantar. No meio de toda a sua serenidade, a avó Milinha dir-me-ia: “somos o hércules da fraqueza! Achas mesmo que vamos sair da recessão? Tens fé nisso?”

Caso levasse a minha convicção adiante e lhe apresentasse ainda mais alguns argumentos do nosso vice-primeiro ministro e lhe dissesse que "a maioria dos portugueses tem sabido enfrentar as dificuldades" e que isso tem ajudado o país a sair da recessão. Depressa a avó Milinha ir-me-ia lembrar do aumento esperado com as despesas do governo para 2014, ou não fosse o governo ter aumentado significativamente de elementos. Dir-me-ia na sua gíria: “esses papões! Estão lá é para nos comer as papas na cabeça!”.

Então se lhe dissesse que "a austeridade é uma consequência do resgate e não uma escolha", a avó Milinha diria, com toda a certeza “estás perdido meu amor. Deixaste-te perder. Então interessa-me lá se foi uma escolha ou se foi a consequência de um resgate. O que eu sei é que a minha reforma, que nem chega a 300 euros, mal dá para eu comer. O que eu sei é que só na farmácia deixo tanto em medicamento quando de reforma ganho e que o que me vale é a reforma do teu avô que passa ligeiramente os 300 euros. Sim, e vale-me o facto de ainda termos umas hortas e umas árvores de fruta!”

Remataria, com certeza, “como hercúleos somos, meu amor! Mas, somos os hercúleos da fraqueza! E Eles?”

Não há pior feedback do que a falta de feedback.

Não há pior feedback do que a falta de feedback.

No que respeita aos e-mails, eu sou um dos que tem uma baixa taxa de resposta. Normalmente, penso que os outros deviam dar resposta, colocando o ónus da questão nos outros. No entanto, o problema pode estar nos meus e-mails.

Vou implementar algumas dicas com o intuito de obter maior feedback. Enumero-as abaixo:

1. Cumprir as regras de pontuação e do uso de maiúsculas.
2. Ir direto ao assunto, mas com educação.
3. Ser breve, mas não em excesso.
4. Cortar gordura da mensagem, mas mantendo a carne intacta.
5. Esclarecer o que aconteceu, e quando.
6. Adicionar uma linha de assunto curta mas descritiva.
7. Adicionar criteriosamente as pessoas.

Espero que estas dicas aumentem significativamente a taxa de resposta aos e-mails. Se quiserem saber mais, fica de seguida o link para o artigo: http://www.dinheirovivo.pt/Emprego/Artigo/CIECO116446.html?page=0

Já Fernando Pessoa o dizia...

"Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer--

Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogofátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,

Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!" - Fernando Pessoa
                                                                                  

Os selvagens!




No domingo, depois de arrumar a cozinha, em vez da habitual paragem no sofá para fazer zapping pela deprimente televisão nacional (ao domingo à tarde) decidi que haveria de ir levar a reciclagem ao centro da vila do Luso.
Esquecendo-me de que era domingo, depois de “despejada” a reciclagem no seu devido lugar, decidi que iria à Fonte de São João encher cinco garrafões de água, apenas cinco.
Ao leitor do Luso passo a explicar as razões porque fui à fonte buscar água (não é muito habitual ver por lá alguém do Luso):

1º - a água de minha casa é de furo e prefiro beber a da fonte (questões de segurança);
2º - é mítico o gesto de ir à fonte buscar água;
3º - curiosidade em apreciar a fonte num domingo à tarde.

Não era verão, mas o tempo estava ameno.
Cheguei com os meus cinco garrafões na mão e havia… FILA!

CONSTATAÇÕES:
1.       Eram imensos os rótulos espalhados pelo chão e presos nas grades por onde escorre a água;
2.       As pessoas acotovelavam-se para encher mais garrafões que o vizinho e havia mesmo quem estivesse com garrafões em três bicas. Ou seja, duas mãos a controlar três garrafões a encher de cada vez;
3.       Os garrafões vazios que estavam à espera de encher (à exceção dos meus) eram de todas as marcas menos do Luso ou do Cruzeiro. Reinava Mini-Preço, Continente e Pingo Doce;
4.       O que mais se ouve é: “Leva, leva! Ali, ali… corre! Vai ao carro, mas vai depressa e volta para buscar mais!”

Embora estagnado, perplexo e até um pouco anestesiado com tamanha insensatez, continuei impávido e sereno a assistir à “comédia” até que fui “ultrapassado”. Do alto dos seus sapatos altos e das suas gangas justas. A senhora que desceu as escadas apressadamente, em jeito de corrida, olhando para trás e dizendo ao marido barrigudo e de bigode que corresse, não viu a fila, não respeitou a espera dos outros e com sorrisinho malandro (à tuga) esgueirou-se para a bica que há 2 segundos tinha ficado livre. A bica que era (ou ia ser) minha!
O cúmulo: olhou para mim, de alto a baixo. Virou a cabeça ao chão. Não satisfeita, voltou a olhar para mim e de novo o sorrisinho malandreco a dizer-me: “fui espertalhona!”
A isto apenas consegui abrir a boca e responder: “nunca viu um fato de treino com um homem lá dentro?”

Fiquei incrédulo. O senhor de bigode lá chegou. Esperou que os garrafões enchessem. Arrancou o resto de um rótulo que já estava pendurado, deitou-o ao chão e acartou com os garrafões. Os saltos altos seguiram-no, não sem antes voltar a dar o sorrisinho maroto ao tipo de fato de treino: “fui espertalhona!”


Enchi os meus garrafões e no caminho para casa vinha a pensar em ideias (perigosas) para solucionar tamanha insânia na fonte de São João, no Luso. Aqui ficam algumas dessas ideias (perigosas ou estúpidas):

1.       Criar um cerco à fonte e colocar um fiscal que atribuiu senhas aos “esfomeados por água” e um número mínimo de garrafões a encher. Mas, quem pagaria este senhor? A junta, a câmara, os parquímetros que não existem nos estacionamentos que circundam a fonte, etc…
Este mesmo fiscal aplicaria multas a quem deixasse rótulos no chão ou garrafas e garrafões abandonados…
2.       Libertar duas bicas (as das pontas, por exemplo) para que os turistas possam encher a sua garrafa e/ou beber água na palma da mão;
3.       Obrigar os “esfomeados por água” a receberem cinco minutos de formação de boas maneiras, valores e boa educação.

Esta última será, sem dúvida, a mais necessária, mas aquela que deveria também ser a mais dispensável, porque afinal de contas todos devemos ir adquirindo, à medida que crescemos, boas maneiras, valores e boa educação.
As ideias são perigosas, mas alguma coisa há a fazer naquele local. Quem tiver ideias melhores que as apresente e as implemente.
A grande conclusão que tirei, e com efeitos imediatos a partir de agora: seja verão ou inverno, ir buscar água à Fonte de São João, no Luso, para beber em casa, nunca ao domingo e sempre depois das 20h.
Para ver selvagens, escolho outro sítio!