A idade da reforma vai passar (em 2014) para os 66
anos e o tema deixa-me duplamente a pensar. Primeiro, porque no alto dos meus
31 anos tento avistar o futuro e a névoa lá longe não me deixa observar qual será
a idade da minha reforma, nem quantos anos terei eu que trabalhar e descontar
cada vez mais, para que, em 2040 tenha direito a “qualquer coisita”.
Infelizmente sou daqueles que acha que a meio da
minha “maratona” isto há de dar o “crash” e quando for “Senhor Merecedor de Qualquer
Coisita” não haverá nada para mim. Por isso, nada melhor do que começar a
precaver. Mas, e da maneira que estão os bancos, voltarei com certeza à velha
técnica de guardar debaixo do colchão. Isto no dia em que conseguir começar de
novo a poupar.
Em segundo lugar, assusta-me quando entramos no
capítulo das exceções. Não quero com isto dizer que seja injusto a exceção para
camionistas, pilotos e até as bordadeiras da Madeira (por quem tenho o meu
maior respeito). Contudo, e novamente apenas no alto dos meus 31 anos (muito
tenho ainda para aprender e crescer), assusta-me o diminuto leque de exceções e
creio que, assim à partida, me lembraria de mais três ou quatro casos de
possíveis exceções.
Mas, vou apenas dar como exemplo o percurso profissional da
minha própria mãe. Foi empregada de mesa durante 26 anos, carregando travessas,
caçoilas de barro, mesas, cadeiras… horas a fio em pé e como resultado teve:
coluna completamente torta, três operações às varizes, tendinites nas mãos.
Motivos mais do que suficientes que a levaram a deixar a hotelaria. Contudo,
hoje, e com apenas 52 anos (sim, porque esta é a idade das avós dos meus
filhos. Avós que ainda têm muito que contribuir para a Segurança Social), é já
há cerca de sete anos auxiliar num centro de dia, tendo como sua principal
função a de transportar, alimentar e cuidar dos idosos e dos seus afazeres. E é
aqui que me cabe mais uma questão: quando a minha mãe tiver 66 anos e ainda
obrigação legal de estar a trabalhar, que diferença existe entre a minha mãe
com 66 e o idoso com 67 que ela terá de acompanhar até casa, carregando os seus
sacos, lavar e deitar na cama, a quem terá de servir a refeição, entre outros.
Isto, se na altura da reforma da minha mãe a idade
não tiver já aumentado um pouquinho mais…
Por isso, quando me falam em exceções, não consigo
evitar que me venha à imagem a minha mãe, com a coluna completamente destruída,
as pernas a doer e as mãos praticamente sem mexer, no alto dos seus 66 anos (ou
mais) a sair da carrinha que hoje conduz, a puxar das moletas que estarão entre
o acento e a porta e a tentar equilibrar nas moletas: a comida, os afazeres do
idoso e claro o próprio velhinho. O que mais me custa é que conhecendo a minha
mãe como conheço fará tudo isto de sorriso no rosto!
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