Joker


Arthur Fleck é uma pessoa com uma doença psiquiátrica. Li recentemente uma entrevista com um psicólogo que dizia ser a melhor representação do riso patológico. Que este filme retratava a doença e a sua evolução de uma forma extraordinária. Foi nos primeiros dias do joker. Sem saber porquê, sabia que tinha que ver este filme.E valeu a pena.

Há imensas mensagens e análises que se podem fazer. Para memória futura, fico com as seguintes interpretações:
i.) O Joker era um doente a quem a sociedade tratou muito mal, o que agravou o seu estado. Não é preciso ser doente para que a sociedade ou as circunstâncias possam levar alguém a loucura e que possa cometer atos parecidos com os retratados no filme.
ii.) Tornou-se uma figura de proa, mesmo sem querer. Foi aclamado herói. Conseguem-se observar vários casos de pessoas que, sem querer ou sem sonhar com a dimensão das suas ações, começam movimentos cívicos e atividades de protesto que não se sabe onde podem parar. Como as massas seguiram um louco e a mensagem que percepcionaram como sendo a sua mensagem. Mesmo não havendo mensagem... A fronteira entre civilização e a barbárie é muito ténue. Umas mudanças, uma greve de camionistas, de enfermeiros, de homens do lixo e essa fronteira é posta em causa ao fim de pouco tempo. E atitudes bárbaras, que se vão espalhando facilmente, passam a ser cada vez mais comuns, para não dizer o normal.
iii.) Phoenix, Joaquin... Que grande papel!

Ler mais em:

Pai que perdeu filho e que trabalhava muito * Para me lembrar...


Este é um texto com o qual quero ficar... 
Para me lembrar sempre... 
Para me lembrar um dos motivos por que me tornei trabalhador independente...
Para me lembrar da excelente opção quando decidi ser trabalhador independente...
Para me lembrar do que tem valor na minha vida...
Para me lembrar como é bom acompanhar todos os passos deles...
Para me lembrar que consigo ir às suas festas escolares...
Para me lembrar que vou falar com frequência com os professores...
Para me lembrar que estou disponível para muitos momentos...
Para me lembrar que são a grande motivação para o que faço...
Para me lembrar quão importante é dar-lhes o exemplo na prática, e mais do que dizer que a família é importante, provar-lhes na prática que a família é importante...
Para me lembrar que assim estou muito mais feliz e realizado...

Por tudo isto, partilho o texto abaixo, que li na Crianças a Torto e a Direito

A mensagem do pai que perdeu o filho enquanto passava muito tempo a trabalhar: “É mais tarde do que pensam”by criancasatortoeadireitos



Notícia do Observador de 8 de setembro de 2019.


Storment estava numa reunião quando soube que o filho tinha morrido subitamente. Agora, arrepende-se de ter passado mais tempo a trabalhar do que com a família. E deixou conselhos no LinkedIn.

“Abracem os vossos filhos. Não trabalhem até muito tarde. Provavelmente vão arrepender-se de estar a gastar o vosso tempo nas coisas em que o gastam agora quando ele se esgotar.” Foi este o conselho que um pai deixou no LinkedIn poucas semanas depois de saber que o filho tinha morrido subitamente. E de perceber que, nos oito anos de vida da criança, tinha passado menos tempo com a família para se concentrar no emprego. O texto foi publicado por ele nas redes sociais e tornou-se viral.

Naquele dia, J. R. Storment tinha acordado cedo para trabalhar na FinOpsFdn, a empresa de que era presidente. Não se despediu dos filhos antes de sair de casa. Passado umas horas, estava numa reunião — a comentar que nunca tinha tirado férias desde que aceitou aquele cargo –, quando recebeu uma chamada da mulher: “J.R., o Wiley está morto. O Wiley morreu. Lamento muito, mais tenho de chamar o 112”.



Many who know of my son's death have been afraid to ask what happened. Others who don't have wondered why I've disappeared. Here is the story: https://t.co/Egjzj4u5TZ

— J.R. Storment (@stormental) September 4, 2019

Wiley, que havia sido diagnosticado com uma forma leve de epilepsia, que tende a desaparecer durante a adolescência, morreu durante o sono com uma “morte inexplicável e repentina de epilepsia”: “É visto como imprevisível, inevitável e irreversível quando é iniciado. Pode estar ligado a uma convulsão, mas muitas vezes o cérebro simplesmente desliga. Estatisticamente, era altamente improvável que atingisse nosso filho. Uma em 4,5 mil crianças com epilepsia é afetada. Às vezes acabamos a ser nós a estatística”, explicou o pai.

Agora que perdeu o filho, J. R. Storment diz-se arrependido por não ter passado mais tempo com a família: “Nas últimas três semanas, cheguei a um fluxo interminável de coisas de que me arrependo. Elas tendem a dividir-se em duas categorias. Coisas que eu gostaria de ter feito de maneira diferente e coisas com as quais fico triste por não o poder ver a fazer”.

É que, com cinco anos, Wiley já sabia que queria abrir uma empresa e casar quando fosse crescido. Aos seis anos, até já sabia com quem queria fazer tudo isso. “Ver o nome dele escrito na certidão de óbito custou muito. No entanto, dois campos do formulário esmagaram-me. O primeiro dizia: ‘Ocupação: nunca trabalhou’. E o seguinte: ‘Estado civil: nunca se casou’. Ele queria tanto fazer como duas coisas. Sinto-me feliz e culpado por ter tido sucesso em cada um desses dois campos”, desabafou J. R. Storment.

R. Storment termina a publicação a lembrar os internautas que é “mais tarde do que se pensa” para “gozar a vida”. O empresário recordou a letra de uma das canções favoritas do filho, chamada “Enjoy Yourself”, que diz:

“Tu trabalhas e trabalhas há anos e anos, estás sempre em movimento. Nunca tiras um minuto de folga, muito ocupado a fazer dinheiro. Um dia, hás-de te divertir quando fores milionário. Imagine toda a diversão que terás quando estiveres sentado numa velha cadeira de balanço. Diverte-te, é mais tarde do que pensas. Diverte-te enquanto estás na maior. Os anos passam tão rapidamente quanto um piscar de olhos. Diverte-te, que é mais tarde do que pensas“.

Invictus * Nelson Mandela













“Da noite escura que me cobre,
Como uma cova de lado a lado,
Agradeço a todos os deuses
A minha alma invencível.
Nas garras ardis das circunstâncias,
Não titubeei e sequer chorei.
Sob os golpes do infortúnio
Minha cabeça sangra, ainda erguida.
Além deste vale de ira e lágrimas,
Assoma-se o horror das sombras,
E apesar dos anos ameaçadores,
Encontram-me sempre destemido.
Não importa quão estreita a passagem,
Quantas punições ainda sofrerei,
Sou o senhor do meu destino,
E o condutor da minha alma.”

William Ernest Henley, 1988
Inspirou Nelson Mandela e ajudou a suportar os seus anos de prisão.

Será assim tão difícil ser boa pessoa? * Manuel Clemente * Público


people laughing and talking outside during daytime
Photo by Priscilla Du Preez, in Unsplash

Há textos com os quais nos identificamos imenso. Este é um deles... Se sou sempre boa pessoa, não estou certo, no entanto, todos os dias faço um esforço consciente para o ser! Acredito que a maior parte do tempo, o consigo! O melhor é ler o texto abaixo:

"Será assim tão difícil ser boa pessoa?

Os optimistas, nos quais eu gosto de me incluir, adoram pregar, por vezes de uma forma exaustiva, que o universo conspira a nosso favor. Acredito nisto plenamente, mas também tenho consciência de que é preciso fazer por isso.
Sou constantemente assaltado pela seguinte questão: porque é tão difícil ser boa pessoa? Já todos sabemos que comportamento gera comportamento, o amor resolve tudo e o karma, quando calha, pode ser bem tramado e, ainda assim, olhando para as atitudes de algumas pessoas, parece que existe uma tendência vertiginosa para o masoquismo. Se é óbvio que recebemos tudo o que damos ao mundo, não seria de esperar que as nossas atitudes fossem bastante diferentes? Parece demasiado simples para ser impossível.
Os optimistas, nos quais eu gosto de me incluir, adoram pregar, por vezes de uma forma exaustiva, que o universo conspira a nosso favor. Acredito nisto plenamente, mas também tenho consciência de que é preciso fazer por isso. A matéria-prima que utilizamos é crucial para a qualidade do produto final. Imbuído neste espírito de reciprocidade, decidi colocar à prova esta força intangível que, subtilmente, vai arquitectando aquilo que comummente apelidamos como “sorte” ou “azar”. Durante alguns dias, de forma consciente e propositada, facilitei a vida a todos os carros com quem partilhava o asfalto. Deixei que me passassem à frente, não apitei, agradeci, sorri e acenei. Enfim, se existisse um globo de ouro para o melhor condutor, eu seria um sério candidato ao prémio. Independentemente do resultado final, a experiência em si já me tinha dado um prazer do caraças. Sabe bem fazer o bem, até me senti mais leve. Mas não foi só isto... Sabem que mais? Como um bem nunca vem só, nesses dias, as pessoas também estavam “misteriosamente” simpáticas e agradáveis comigo. Como por magia, de repente, o comportamento dos outros condutores tornou-se num espelho do meu.
Isto não tem nada de novo nem de extraordinário. Porém, a distância que separa a teoria da prática não tende a diminuir. A ideia faz sentido, até que acreditamos, mas porque razão a impulsividade e o instinto de sobrevivência continuam a prevalecer? Porque será que, no momento de agir, tendemos sempre para o mesmo lado?
Quando somos crianças, fazemos amigos com imensa facilidade, metemo-nos com toda a gente e não pensamos muito nas consequências. À medida que crescemos, vamos sendo “preparados” para a vida e transmitem-nos, repetidamente, a ideia de que o mundo é uma selva e a sociedade está perdida. Somos postos em modo alerta e atentos a todos os perigos.
Acreditamos piamente no “eu e eles”, sem nunca colocarmos a hipótese de que tudo isto se resume a um maravilhoso “nós”. Chegamos ao triste ponto de confundir bondade com ingenuidade. Sempre que ouço “Ah, mas é tão boa pessoa”, acompanhado de um tom de voz mais doce e um ligeiro inclinar do pescoço, pergunto-me: “Onde raio é que nos perdemos?”. Ser correcto, generoso e bem-educado, hoje em dia, é mais visto como fragilidade do que como virtude. Isto faz algum sentido?
Fomos induzidos a acreditar numa ideia binária de que ou somos predadores ou somos presas, ora não fosse este mundo uma selva densa, cheia de perigos. Disseram-nos que, para ganharmos, alguém tem de perder. Tudo se transformou numa longa e insustentável competição. Infelizmente, a palavra “cooperação” ainda não consta da maioria dos dicionários. Fruto de toda esta inconsciência, acabamos por não perceber que, mesmo sendo um predador, mais tarde ou mais cedo, vamos ser vítimas dos danos que causámos. Tudo isto é um inseparável “nós”, lembram-se?
No que toca à questão se as pessoas são essencialmente boas ou más, eu partilho da opinião do músico brasileiro Criolo: “As pessoas não são más, elas só estão perdidas”. Provavelmente, a grande maioria das ditas “más pessoas” são apenas “ex-boas pessoas” que, calejadas pelas desilusões, fermentaram a amargura e começaram a destilar ódio. Será que resolve respondermos com ainda mais agressividade a estas pessoas? Não me parece. Apagar fogos com gasolina nunca deu bom resultado. Em vez disso, que tal experimentarmos aumentar a dosagem de compaixão e deixarmo-nos surpreender pelo resultado final? E não, não temos de o fazer pela pessoa em questão. Temos, essencialmente, de o fazer por nós, pelo nosso bem-estar e paz de espírito.
A definição de insanidade de Albert Einstein, na minha opinião, continua a ser a melhor de todas. Não podemos esperar resultados diferentes se fizermos sempre a mesma coisa. Quem semeia ventos muito dificilmente irá colher um dia de praia. Como optimista que sou, sei que melhores dias virão, basta começarmos por nós. No trânsito, no trabalho, em casa, onde quer que seja. Ser boa pessoa é grátis, só custa se não o formos. Cabe a cada um de nós dar o seu melhor para viver de forma mais sábia. Sim, é possível viver além daquilo que nos aconteceu. O passado não tem de ser uma sentença, caso estejamos dispostos a aprender, pode ser apenas uma lição e tornar-nos melhores pessoas. Que nada nem ninguém nos faça deixar o nosso bom fundo arrefecer. Afinal de contas, para realmente vingarmos na vida, não podemos, de todo, guardar qualquer rancor.
P.S.: Esta reflexão é dedicada a todas as pessoas que, de forma incansável, insistem em semear o bem e que nunca deixaram de acreditar na essência do ser humano."


Yoga

Retirada do Evento "Yoga ao Ar Livre"
O Yoga e os conceitos que o rodeiam é muito atrativo. Eu não sei o que é o Yoga, apesar de o ligar sempre a desenvolvimento físico e mental e, ao mesmo tempo, a uma filosofia associada à paz e harmonia no mundo. Esta minha perceção do Yoga sempre me fez ter uma imagem muito positiva do Yoga e dos seus praticantes.

Passou pela minha vida de forma pontual, mas sempre que passou, criou momentos bastante positivos e saí dessas poucas sessões com uma sensação de bem-estar e alegria. A primeira vez, foi num evento "Equilibra-te", organizado pela CADES e realizado no Grande Hotel do Luso. O segundo contacto, foi num retiro de Eneagrama, em que criamos o hábito de ir correr antes da ordem de trabalhos e o momento de relaxamento era proporcionado com a "Saudação ao Sol", momento gentil e magistralmente dinamizado pela Olga Moura.

Apesar destes momentos tão bons, tão significativos e impactantes , nunca tinha encarado a possibilidade de frequentar o Yoga de uma forma mais regular. Apesar de tudo, parecia-me que não era o desporto que me iria permitir combater a vida frenética a que o dia a dia conduz. Queria grande consumo de calorias, algo altamente dinâmico e frenético, tal como os dias passantes. Só assim, me sentiria bem e pronto para encarar a vida.

Este mês de Agosto, tive vários encontros que me fizeram repensar e querer perceber se o Yoga tem uma contribuição efetiva para uma vida mais equilibrada.

Encontrei-me com um grande amigo de infância, que tem feito coisas extraordinárias na sua vida. De tempos a tempos temos a oportunidade de nos encontrar e as nossas conversas permitem-me momentos  de aprendizagem extraordinários, pela beleza do ser humano que está à minha frente e pela sua forma de encarar a vida. Sempre foi desportista, em desportos com alguma dureza, e hoje, continua a praticar 2 desportos e acrescentou o Yoga. A surpresa foi saber que aquele desporto de que mais dificilmente abdicaria, seria o Yoga. Houve ainda o encontro com outra pessoa para conversar sobre o Eneagrama. Essa pessoa é praticante regular de Yoga e senti uma empatia enorme por si, pela sua abordagem à vida e às pessoas. Acabamos por dividir o tema de conversa entre o Eneagrama e o Yoga com toda a filosofia subjacente e com indicações sobre origens que se cruzaram. Saí da conversa fascinado e com maior vontade de conhecer e experimentar de forma mais consciente. Curiosamente, já tinha manifestado a vontade de estar no evento "Yoga ao Ar Livre" proporcionado pela maravilhosa Luiza da Costa Farias, que pouco ou nada me conhece e se manifestou de imediato disponível para todas as informações necessárias e para conduzir com calma a atividade de um "iniciado com a flexibilidade de tesoura com ferrugem em várias camadas". Pelo meio, ainda tive a oportunidade de falar com 2 amigos (a Sónia Nabais e o Paulo Nabais) sobre temas relacionados com o Yoga e as atividades que a Living Place está a iniciar nesta área (já as teve em anos anteriores).  Inscrevi-me no "Yoga ao Ar Livre", no Parque das Histórias, em Anadia e tive a boa notícia de que um grande amigo, o Miguel Midões, praticante regular de yoga e um exemplo sobre como conduzir a vida, também estaria presente. Claro que marcamos café antes do Yoga e pusemos uma ínfima parte da conversa em dia (ainda temos muito que conversar), e revi com muita satisfação a Cristiana. O momento pré-Yoga, com o Miguel e com a Cristiana, foi muito bom e estavam criadas as condições para mais um momento de Yoga sublime. E foi... A Luiza conduziu a sessão com muita mestria e no fim, havia uma satisfação generalizada. Eu descobri pelo menos 2 novos músculos, que durante o dia seguinte fizeram questão de me recordar frequentemente da sua existência e até agora, dois dias depois, ainda sinto e efeito positivo da sessão.

Assim, a resolução de Verão para o novo ano letivo/trabalho é encontrar tempo dentro de uma agenda super-hiper preenchida e muitas vezes caótica para momentos regulares de Yoga... Seja em sessões guiadas por algum especialista na área, seja em casa, sendo autodidata.

Se o Yoga passou algumas vezes na minha vida de forma leve e passageira, suspeito que desta vez veio para ficar.

Até breve. Vida Longa e Próspera!

Filhos... Pai até ao fim * Pai de 96 anos conduz filho ao médico

Para sempre no meu coração...
O que se faz pelos filhos... Sempre!
Quando fui à primeira consulta do meu filho mais velho, ainda na barriga da mãe, a obstetra perguntou se se havia alguma dúvida.
Respondi-lhe: dúvidas não... apenas alguns receios...
Respondeu-me: agora não há nada a fazer, os receios e as preocupações vão estar presentes até ao fim da vida.
Este vídeo mostra isso:


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O nosso maior medo * Marianne Williamson


Nosso maior medo não é o de sermos incapazes.
Nosso maior medo é descobrir que somos muito mais poderosos do que pensamos.
É nossa luz e não nossas trevas, aquilo que mais nos assusta.
Vivemos nos perguntando: quem sou eu, que me julgo tão insignificante, para aceitar o desafio de ser brilhante, sedutora, talentosa, fabulosa?
Na verdade, por que não?
Procurar ser medíocre não vai ajudar em nada o mundo ou os nossos filhos.
Não existe nenhum mérito em diminuir nossos talentos, apenas para que os outros não se sintam inseguros ao nosso lado.
Nascemos para manifestar a glória de Deus – que está em todos, e não apenas em alguns eleitos. Quando tentamos mostrar esta glória, inconscientemente damos permissão para que nossos amigos possam também manifestá-la.
Quanto mais livres formos, mais livres tornamos aqueles que nos cercam.

Marianne Williamson

BRINCAMOS MUITO POUCO COM OS NOSSOS FILHOS, Rute Agulhas, in DN 27/03/2019


Quando alguém escreve magistralmente sobre um tema, o melhor é ler sem fazer grandes comentários... Seguir as suas propostas e fazer os exercícios que nos propõe é a melhor maneira de diagnosticarmos a nossa relação com os nossos filhos... Cuidado! É potencialmente devastador e pode marcar um ponto de viragem. Eu vou fazer já!


Texto de Rute Agulhas, in DN - 27/03/2019

Vivemos todos uma vida acelerada e sem tempo para nada. Ou melhor, sem tempo para aquilo que deveria ser o mais importante, essa é a verdade. E de entre as várias coisas para as quais não temos tempo, brincar com os nossos filhos assume-se como uma delas. Talvez mesmo a principal.

Proponho que façamos todos um breve exercício que, prometo, não irá demorar mais do que cinco minutos.

Pegue numa folha branca e desenhe um círculo. Depois, divida esse círculo em cinco fatias (como se fosse uma pizza), relativas ao tempo médio despendido com a família, apenas com os filhos, no trabalho, com amigos ou em actividades de lazer, e em outros contextos.

Já está? Certo.

Desenhe agora um segundo círculo, relativo apenas ao tempo despendido com os seus filhos. Divida este círculo em quatro fatias, relativas ao tempo que, em média, ocupa com as rotinas (p. ex., banho, refeições), a ensinar (p. ex. trabalhos escolares), a brincar (brincadeira pura e dura) ou sem qualquer tipo de interacção (p. ex., as crianças estarem a ver televisão ou a brincar sozinhas).

Agora que terminou ambos os círculos, observe com atenção e reflicta. O que pensa? O que sente? O que gostaria que fosse diferente? O que pode fazer para mudar?

Este exercício tem como objectivo ajudar os pais a tomar consciência de quão pouco tempo passam a brincar com os seus filhos, sendo que a interacção lúdica se assume como especialmente importante para o desenvolvimento de vínculos afectivos. Este tempo de interacção, que diversos autores chamam de “tempo especial”, permite não apenas fortalecer os vínculos afectivos, como também potenciar a aprendizagem através do brincar. É através da actividade lúdica que a criança apreende e aprende, que interage com os outros e com o mundo. A projecção e o jogo simbólico permitem desenvolver competências muito diversas, como a empatia, a capacidade em tolerar a frustração e a resolução de problemas. É através da brincadeira, também, que a criança comunica aquilo que pensa e sente. Que se relaciona com os outros e, ao mesmo tempo, que se organiza dentro de si própria.

Desejamos muito que os nossos filhos nos sintam como pessoas de confiança, a quem possam recorrer se precisarem de algum tipo de ajuda. Queremos ser os seus confidentes e guardiões dos seus segredos. Para isso, é preciso tempo de interacção. Brincar com eles ajuda.

Após este exercício, desafio os pais a criarem tempos especiais, em que devem brincar com os seus filhos. Sem estarem particularmente preocupados em que aprendam algo, mas “apenas” brincar. Bastam 10 a 15 min, diariamente ou a cada dois dias. Para as crianças, garanto que serão os minutos mais preciosos do dia.

Vamos experimentar?

(Já agora, e que tal reflectir sobre as outras fatias do tempo?).


O meu conselho para o Dia do Pai e para os outros dias... Tenham filhos!


O meu conselho para o Dia do Pai e para os outros dias... Diria mesmo, o meu desejo para que tenham uma vida rica e preenchida... Tenham filhos!
Divertem-se e têm uma vida muito, mas muito melhor...

A Bruna Estrela escreveu um texto fantástico sobre a magnificência de ter filhos. Não a conheço, mas agradeço que tenha tornado tudo tão simples.

O melhor é partilhar já:
Podem ler a partir da fonte em Tenham filhos ou ler abaixo:

“Tenham filhos”

“Se eu pudesse dar só um conselho para os meus amigos, seria esse: tenham filhos. Pelo menos um. Mas se possível, tenham 2, 3, 4… Irmãos são a nossa ponte com o passado e o porto seguro para o futuro. Mas tenham filhos.

Filhos nos fazem seres humanos melhores.

O que um filho faz por você nenhuma outra experiência faz. Viajar o mundo te transforma, uma carreira de sucesso é gratificante, independência é delicioso. Ainda assim, nada te modificará de forma tão permanente como um filho.

Esqueça aquela história de que filhos são gastos. Filhos te tornam uma pessoa com consumo consciente e econômica: você passa a comprar roupas na Renner e não na Calvin Klein, porque no fim, são só roupas. E o tênis do ano passado, que ainda tá novinho e confortável, dura 5 anos… Você tem outras prioridades e só um par de pés.

Você passa a trabalhar com mais vontade e dedicação, afinal, existe um pequeno ser totalmente dependente de você, e isso te torna um profissional com uma garra que nenhuma outra situação te daria. Filhos nos fazem superar todos os limites.

Você começa a se preocupar em fazer algo pelo mundo. Separar o lixo, trabalho comunitário, produtos que usam menos plástico… Você é o exemplo de ser humano do seu filho, e nada pode ser mais grandioso que isso.

Sua alimentação passa a importar. Não dá pra comer chocolate com coca-cola e oferecer banana e água pra ele. Você passa a cuidar melhor da sua saúde: come o resto das frutas do prato dele, planta uma horta pra ter temperos frescos, extermina o refrigerante durante a semana. Um filho te dá uns 25 anos a mais de longevidade.

Você passa a acreditar em Deus e aprende como orar. Na primeira doença do seu filho você, quase como instinto, dobra os joelhos e pede a Deus que olhe por ele. E assim, seu filho te ensina sobre fé e gratidão como nenhum padre/pastor/líder religioso jamais foi capaz.

Você confronta sua sombra. Um filho traz a tona seu pior lado quando ele se joga no chão do mercado porque quer um pacote de biscoito. Você tem vontade de gritar, de bater, de sair correndo. Você se vê agressivo, impaciente e autoritário. E assim você descobre que é só pelo amor e com amor que se educa. Você aprende a respirar fundo, se agachar, estender a mão para o seu filho e ver a situação através de seus pequenos olhinhos.

Um filho faz você ser uma pessoa mais prudente. Você nunca mais irá dirigir sem cinto, ultrapassar de forma arriscada ou beber e assumir a direção, pelo simples fato de que você não pode morrer (não tão cedo)… Quem é que criaria e amaria seus filhos da mesma forma na sua ausência?! Um filho te faz mais do que nunca querer estar vivo.

Mas, se ainda assim, você não achar que esses motivos valem a pena, que seja pelo indecifrável que os filhos têm.

Tenha filhos para sentir o cheiro dos seus cabelos sempre perfumados, para ter o prazer de pequenos bracinhos ao redor do seu pescoço, para ouvir seu nome (que passará a ser mãmã ou pápá) sendo falado cantado naquela vozinha estridente.

Tenha filhos para receber aquele sorriso e abraço apertado quando você chegar em casa e sentir que você é a pessoa mais importante do mundo inteirinho pra aquele pequeno ser. Tenha filhos para ganhar beijos babados com um hálito que listerine nenhum proporciona. Tenha filhos para vê-los sorrirem como você e caminharem como o pai, e entenda a preciosidade de se ter uma parte sua solta pelo mundo. Tenha filhos para re-aprender a delícia de um banho cheio de espuma, de uma bacia de água no calor, de rolar com o cachorro, de comer manga sem se limpar.

Tenha filhos.

Sabendo que muito pouco você ensinará. Tenha filhos justamente porque você tem muito a aprender. Tenha filhos porque o mundo precisa que nós sejamos pessoas melhores ainda nessa vida.”

Bruna Estrela