Coisas dos enganos e desenganos



Estou habituado a, durante a semana, usufruir dos designados menus, seja em centros comerciais ou em restaurantes. A maioria das situações tem um pacote constituído por sopa + prato + café + pão + bebida. A grande diferença está normalmente relacionada com a bebida. Há uns dias, fui almoçar ao DS. Na viagem entre Aveiro e Coimbra, resolvi contribuir para a economia local da minha terra de origem. Já não conheço bem os locais onde podem haver estas diárias, mas escolhi o local baseado no critério paisagem, sabendo que existe o conceito de menu.
Sentei-me, almocei e usufrui de uma paisagem bem agradável. No final, estava já com 6,00€ preparados, quando a dolorosa foi também surpreendente: 7,20€. "Desculpe, mas o menu é de 6,00€?" As empregadas neste estabelecimento são todas simpáticas (a excepção é um senhor que costuma estar dentro do balcão com um ar de que todo o mundo lhe deve alguma coisa), e não me surpreendeu quando foi simpática e bastante cordial, talvez até compreensiva, quando me diz:" O menu é 6€, mas a bebida é 1,20€"! E reparo que de facto, o menu é composto por tudo, menos a bebida. Tanso! O pacote do DS é original! Diferente! Criativo! É o que dá ler na diagonal! Tirei mais umas moedas do bolso, sem esboçar sequer qualquer protesto, mas com um sorriso amarelo que, não sei se só eu é que o vi, ou se a simpática e cordial empregada também o detetou. Mais do que o 1,20€ custou a sensação de ter sido enganado, embora depois tenha havido o desengano necessário.
Formalmente , não fui enganado. Mas sinto-o. Não querendo deixar de beneficiar do local aprazível, o melhor é ir lá no fim da refeição beber um café, que nesse caso não haverá enganos e desenganos. Se o IVA o deixar!

2 comentários:

Unknown disse...

É verdade que, em Portugal, o conceito de ‘diária’ num restaurante equivale a sopa + prato + pão + bebida + café; nalguns casos, até há lugar a sobremesa. Eu próprio já entrei em restaurantes onde, após pedir a diária, sou – acto contínuo – confrontado com um prato de sopa e uma garrafa de sete-e-meio de tinto da casa – sem direito a refilar.

Ainda assim, a inclusão da bebida no preço da diária é apenas uma questão cultural. Na região onde vivo, não há um único restaurante onde a diária inclua a bebida – e todas as pessoas acham isso perfeitamente natural; estranho aqui seria o oposto.

Sugiro-te portanto que não se leve muito a peito a exclusão da bebida do preço da diária. Pode suceder apenas que a pessoa que ditou essa regra esteja habituada a outros usos e costumes… e precisará de um certo tempo até que as “regras de mercado” a ensinem os hábitos bairradinos.

(Este texto foi escrito ao abrigo do Português que aprendi na escola primária.)

Pedro Paiva disse...

Olá amigo Pedro,
Gosto de te ver por cá, e é sempre agradável ter as tuas análises sempre ponderadas e sábias.
Fiquei mais aborrecido comigo próprio do que com o restaurante, pois devia ler bem a ementa antes de pedir, e depois então, fazer as opções que entendesse.
A questão de não ir lá almoçar, passa também pelo controlo que tenho das refeições diárias. Há um conjunto interessante de restaurantes em que, até 6,5€ se come bem. Como sou cliente diário de restaurantes (embora já use marmita em algumas circunstâncias), tenho que estabalecer orçamentos máximos, caso contrário o orçamento fica fora de controlo. Ou seja, o restaurante fez exactamente o que devia. Eu fui ligeiro na análise, talvez induzido por práticas anteriores (com outras gerências, é certo).
No entanto, o meu pensamento, ou a dimensão da minha bolsa, não deve ser exclusivamente minha porque estava habituado a ver o restaurante cheio, e agora estavam 3 mesas ocupadas, e nenhuma completa.
Mais uma vez, são opções legitimas do restaurante. Eu apenas tento aprender com experiências passadas para as minhas decisões para o futuro.

Espero que esteja tudo bem contigo, caro amigo!
Grande Abraço!