a escola e a vida real

Passou algum tempo sobre os resultados das avaliações de fim de ano.
Muito foi escrito sobre o tema:
Público: média negativa!
Público: resultados dos exames...
I: mais 45 minutos por semana...
I: médias caem...

Estava no parque a ver crianças brincar. Espero que usufruam um ensino mais adequado e mais rigoroso do que os estudantes atuais têm a sorte de ter. Durante a minha estadia assisto a uma situação caricata. Caricata, mas que me fez olhar para os resultados escolares de maneira diferente. Passo a descrever:

Está um menino de cabelos de ouro, e caracóis magníficos em grande conversação com uma senhora que presumi ser a sua avó a balançar suavemente num baloiço, numa zona para crianças com menos de 4 anos. Devido à hora, ainda estavam poucas crianças no parque. Aproxima-se uma adolescente que teria no mínimo 15 anos, e um rapaz acompanha-a. Aparentemente estão a passar pelo ritual de acasalamento, mas ainda em fase de reconhecimento do outro.

A adolescente fica junto do baloiço, sem ver ninguém à sua volta que não fosse o cortejador, e com gestos entre a vergonha aparente e a cobiça descarada, entra no baloiço. Claro que esta entrada, pela dificuldade da dimensão do buraco, tornaram qualquer movimento sensual numa cena digna de elefante em loja de porcelana. Claro que o cortejador, fiel aos seus objetivos, via apenas uma bailarina de doces movimentos. Ou assim o demonstrava.

A dita presumível avó acordou-os daquele doce momento! "Desculpe, mas estes baloiços são para crianças!" A doce e por vezes suave bailarina, encarnou a pele de elefante, e sem se importar com as porcelanas disse, com uma voz que não consegui classificar como suave: "ONDE É QUE ISSO ESTÁ ESCRITO?"

Claro que não interessa muito o que se seguiu, interessa apenas que saíram do parque. Resolveram a situação, mas não o problema.

Esta situação devia servir para refletirmos sobre algumas questões:
  • Questões de cidadania deviam ser consideradas na escola. Claro que estas questões deveriam ter as bases de casa. Seriam complementadas na escola. Pensando nas bases dadas em casa, não posso deixar de ficar preocupado.
  • Há claramente a dificuldade em interpretar placas de grande dimensão à entrada dos parques infantis. Ou necessidade extrema de oftalmologistas. 
  • Fico na dúvida se o problema é na interpretação do que está escrito (problemas de português), ou se existe alguma dificuldade de reconhecimento de símbolos numéricos (problemas de matemática).  
O mais preocupante é sentir que esta é uma situação normal, e não exceção. E a forma como se ultrapassam as regras mais básicas de cidadania, não augura nada de positivo para o futuro. Será este o nosso destino?

http://meababel.blogspot.com/2010/07/experimentalismo.html
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