O público noticia que o Festival intercéltico de Sendim ganha estatuto europeu!
É merecido. Fui ao festival duas vezes e diverti-me. Não sou do tempo dos festivais da paz e amor, mas desconfio que seria algo semelhante a este. Embora este tenha maior espaço para a família, nas suas diferentes gerações e menos gente. Mas permite soltar as amarras e dançar como se dançava na escola primária. Primeiro, porque há muita gente que dança descomprometidamente. Depois, porque é uma dança grupal, de contato físico, de braços entrelaçados e sorriso rasgado. Há uma sensação clara de recuperação parcial da infância (pelo menos durante algumas horas).
Há ainda o fator distância. A viagem dá a sensação que estamos a deixar um mundo para trás e a entrar num mundo novo de paz e sossego. Quem for por Trancoso, Vila Nova de Foz Côa, Torre de Moncorvo e Mogadouro, passa algum tempo em que pode não ver ninguém na estrada. A sensação de paz inicía-se por um processo de osmose. Quase inconsciente! E entranha-se, sem se estranhar.
Quando se chega ao local, conseguem-se observar campos e campos sem fim, próprios do planalto mirandês, mas que pode em alguns casos fazer-nos questionar se nos teremos enganado e dirigido ao Alentejo profundo.
Mas se provarmos uma posta mirandesa, concluímos que estamos por terras de Miranda.
Ver um espetáculo de um dos grupos de Pauliteiros da região, é obrigatório (alguns dados sobre os Pauliteiros de Miranda). Assim como fazer um passeio de burro.
Visitar as barragens do Douro Internacional, nomeadamente as portuguesas de Bemposta, Picote e Miranda, e poder apreciar o trabalho magnifico e marcante de arquitetos e engenheiros da época da construção destas barragens, é fantástico! Alguém chamou a estas obras, obras do moderno escondido. E é surpreendente encontrar num sítio ermo, algumas obras de referência da arquitetura e engenharia portuguesas.
É interessante visitar a aldeia de Palaçoulo. Um caso de sucesso de uma aldeia improvável, em que o empreendedorismo das pessoas locais, fez com que haja um conjunto de empresas de sucesso, com vertente internacional, o que é raro no Portugal Profundo.
Para continuar a aproveitar os dias do festival, há toda uma beleza natural que se deve explorar. Há silêncios gritantes. Há gritos de pássaros desconhecidos.
E há as torradas das fogaças da região!
A própria língua faz aumentar o misticismo de um Festival místico e que nos relembra os druidas do Astérix. O mesmo Astérix que já tem um livro traduzido para a nossa outra língua oficial. O Mirandês!
Sei apenas que é local a revisitar. É fantástico. Agora que estamos em período de férias, é um local a considerar. Aconselho!
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