Coimbra tem futuro



"Coimbra tem futuro!" foi o título de uma conferência realizada pela “Plataforma de estudos e participação cívica”. Este foi um momento de análise e discussão da cidade e da região. Estão de parabéns pela discussão que tiveram a capacidade de promover, e pela participação de pessoas e organizações relevantes para o futuro da região, independentemente das suas preferências partidárias.


Gostaria de ter visto aqui representada a Mealhada, pois considero que deve estar presente nas estratégias regionais, mas não reconheci ninguém da sociedade civil mealhadense. É pena, pois temos sempre a aprender nestes fóruns.

A conferência foi interessante em todos os painéis a que consegui assistir, mas deixo aqui a sugestão de alguns pontos a melhorar:
• O cumprimento de horários (começou depois das 11h00, quando estava marcada para as 10h30). Sábado, dia de estar com a família, faz-se um esforço, porque há gosto em conhecer as realidades da região, e começa-se o fim de semana a esperar! Não é positivo, e devia combater-se esta irresponsabilidade culturalmente aceite, mas nefasta para a produtividade e para o bem estar das pessoas que a ela são sujeitas. Pessoalmente gostaria de ter ouvido alguns dos oradores que não ouvi, devido às dificuldades dos horários, nomeadamente Luís Leal e Ricardo Alves, presidentes das autarquias de Montemor-o-velho e de Arganil, respectivamente e ainda Paulo Barradas, CEO da BluePharma.
• O ruído proveniente de: problemas técnicos (microfones e aparelhagem); telemóveis e conversas paralelas, que em alguns momentos tornavam muito difícil ouvir os oradores

Mas o mais relevante foi poder conhecer algumas projectos que se encontram em curso, e o dinamismo de algumas zonas da região. Verifica-se que existem algumas figuras de valor na região, com potencial e capacidade de liderar uma região, em funções muito diferentes. E Paulo Júlio, do que conheço, tem demonstrado uma enorme capacidade de liderança e de trabalho, sendo uma das figuras que, pouco a pouco, se afirma.


Paulo Fernandes apresentou o projecto das aldeias do Xisto, e mostrando como é possível ter sucesso mesmo em regiões com grande dificuldade, desde que se identifique e aproveite o potencial da região e que se envolva os diversos actores. É de salientar que este envolvimento, segundo o próprio, colocou todos em pé de igualdade nas decisões, havendo um órgão colegial para o efeito. Aos poucos afirma-se em Portugal, depois de ter sido premiado lá fora.


Paulo Júlio apresentou um projecto similar, mas num estágio menos desenvolvido. Salientou também a importância da paixão e das pessoas para que os projectos tenham sucesso.

Ao segundo painel pouco assisti, devido a horários bastante atrasados.

O 3.º painel, permitiu-nos ouvir alguns dos exemplos de empresas de sucesso, pelos seus representantes, e da sua perspectiva sobre o futuro da região de Coimbra. Por vezes diferentes formas de ver algumas situações, mas importantes para compreender melhor o que se passa por cá. Foi positivo ver Gonçalo Quadros a desejar ter muitos mais exemplos para além da Critical Software, que deve ser um exemplo presente em qualquer acontecimento em Coimbra.


O 4.º painel esteve muito focado no conhecimento e na sua importância, através da apresentação de exemplos claros de sucesso, pela utilização do conhecimento. Formas diferentes de utilizar o conhecimento, é certo, mas resultados positivos em forma de utilização.

Um dos aspectos relevantes que daqui retiro é que, aparentemente, Coimbra está mais aberta à população de toda a região, e está disponível para ser mais humilde e reconhecer projectos de grande valia à sua volta. Existem casos de sucesso e Coimbra só tem a ganhar se for cada vez mais uma cidade-região, (penso que foi o Paulo Fernandes que apresentou este conceito, que me agradou imensamente) e deixar de ser “apenas” uma cidade, limitada pelas placas que indicam Coimbra. Apesar de ter que haver uma mudança cultural, penso que começa a aparecer, com cidades ou vilas pequenas à volta a demonstrar grande capacidade de ter projectos e de alavancar toda uma região.

Acredito ainda que Coimbra poderá ganhar se conseguir ultrapassar as fronteiras claras em muitos dos seus decisores, no que se relaciona com a divisão do distrito, e olhar também um pouco mais a norte, nomeadamente no que respeita à Mealhada, Anadia e Mortágua. Até porque há freguesias do concelho de Coimbra que fazem parte da região da Bairrada, nomeadamente Souselas.
Acredito que, se e quando Coimbra se afirmar como cidade-região, será melhor e conseguir-se-á afirmar como região de elevado potencial a vários níveis.
Acredito que, se e quando Coimbra se deixar de alguns bairrismos, principalmente no que respeita a Aveiro, será melhor e conseguir-se-á afirmar como região de elevado potencial a vários níveis. São duas cidades fundamentais para a região e a cooperação deve estar mais presente do que a competição. E se falarmos de bairrismos, estes devem ser combatidos, quando contrariam esta cooperação.

E como João Moura disse, o título deveria ser “Coimbra tem futuro?” E esse futuro está nas mãos de todos nós, e será o que quisermos fazer dele.

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