tiM - o semáforo que não o era!

O Joca andava com um ritmo alucinante. Durante a semana tinha ido a Lisboa, Abrantes, Lisboa, Aveiro e Braga. Apesar da sua actividade de relações públicas, dava formação que era um bom complemento e ele gostava. Mas a necessidade de trocar as horas da vida com a sua filha pelo trabalho, deixava-o angustiado.
Sempre que dava formação à noite, vinha em alta velocidade. 180 não era um número invulgar. Já tinha passado por uns sustos, mas a ânsia de estar 5 minutos que fossem com a Lia era muito intensa.
Na 6.ª-feira tinha estado no Porto a dar formação. Depois de uma semana extenuante, a maioria da qual passada em hotéis a trabalhar até altas horas, vinha exausto. Eram 11:20 da noite e ainda tinha 100 km por fazer. Ainda não tinha saído do Porto e já vinha com piloto automático. A VCI era asfalto conhecido, e o pensamento divagava rapidamente por outras paragens.
Na zona de um dos monumentos contemporâneos da Invicta, uma obra de arte que tem como símbolo um Dragão que ele gostava particularmente, viu uma luz à frente.
"Semáforo amarelo? Deixa acelerar, ainda consigo passar..." 100, 115, 130, 140 e conseguiu! Passou o semáforo!
"Ei, espera! Que semáforo? Que flash foi este!?"
A resposta chegou passados 4 meses, na forma de inibição de conduzir de 1 mês a 1 ano, em caso de reincidência.

6 comentários:

sandra disse...

De facto, actualmente, com as viagens diárias de coimbra para paços de ferreira, revejo-me imenso nesta história... no primeiro mês fazia as viagens de carro, mas sentia que ver o Miguel e o Gonçalo era t tão urgente que a velocidade era claramente ultrapassada... agora, por uma questão de segurança (porque poupança de custos, só mesmo para aqueles que acreditam que no nosso país os transportes públicos são aratos!!)faço as viagens coimbra-porto de comboio, o que diminui significativamente o risco de ser apanhada nestes semáforos... ou em "semáforos" de outra gravidade, daqueles que depois não temos mais 4 meses para pagar !!
De qualquer forma, mais do que a identificação pessoal neste texto e no nó do lençol, que desde logo te agradeci o envio, o propósito da minha opinião serve para te agradecer o teu blog. Tive oportunidade de ver outros que são claramente um meio do próprio se protagonizar com ideias e textos que servem unicamente para "educar o povo", pelo menos assim acreditam os seus proprietários muito pouco atentos à capacidade de resposta. Tu, por outro lado, mostras no teu blog que o importante é o debate... agradeces sempre os comentários - não tens que o fazer com este porque não é esse o propósito :)..., e enriqueces a discussão de ideias.
Transmites assim no teu blog a humildade que sempre pautou a tua personalidade.

Pedro Paiva disse...

Olá Sandra,
obrigado pela tua opinião acerca de mim a qual, para além de me deixar um pouco embaraçado, é parcial e enviesada.
QUanto ao blog, é essencialmente um repositório de histórias, ideias (algumas minhas, outras não) e quando há tempo, um ou outro pensamento que considero importante para mim, e não quero perder. E como acredito que as coisas só têm sentido se partilhadas, partilho-as com algumas pessoas que acredito que podem ter interesse.
Espero continuar a ver-te pelo menos por aqui!
Bj

Pedro Costa disse...

Há tempos ouvi um psiquiatra dar esta resposta quando lhe perguntaram se a auto-hipnose seria um mito ou uma realidade.
"Quando vai a conduzir por um local que conhece bem, não é comum chegar ao final e não se lembrar de ter feito o trajecto? Isso é auto-hipnose: estamos acordados, lúcidos, mas completamente abstractos. No entanto, se acontecer algo fora do comum, conseguimos reagir."
Foi isto que aconteceu na história que escreveste. A pessoa reagiu, mas já não foi a tempo.

Miguel Tomás disse...

Viva Pedro

Li mais uma vez com atenção este texto, o qual me leva a dois comentários.
Primeiro, o limiar do risco em que muitos de nós vivemos. Muitas vezes sem ter bem a percepção daquilo que pode acontecer...Mas enfim, é, porventura uma consequência da sociedade actual.
Segundo, a vontade que temos de estar com quem mais amamos. De facto, uma vontade que nos faz mover montanhas e que nos leva viver no limite.
Abraço

Pedro Paiva disse...

Viva Pedro,

Aprendo sempre algo contigo! Apesar desta situção não ter sido comigo, encontro-me várias vezes nesse estado de auto-hipnóse! Deveria sair sempre em Aveiro, mas já saí 2 vezes em Albergaria. Agora vai ser mais oneroso, pois o trajecto é todo a pagar!
GA

Pedro Paiva disse...

Viva Miguel,

Concordo contigo, penso que é próprio da maioria dos seres humanos viver no risco de alguma forma(embora me pareça que nem sempre no limiar).
O segundo comentário diz tudo de uma forma simples e clara!
GA