Há dúvidas que nos acompanham durante longos períodos. Uma das que me tem acompanhado, vem desde o tempo em que ouvia o Gabriel Alves, nos seus míticos relatos, falar sobre a “técnica da força” e a “força da técnica”. Qual destas vertentes melhor representa o “futebol espectáculo”. É evidente que há potencial para o “futebol espectáculo” em qualquer uma destas vertentes do futebol. A primazia da força ou da técnica vai alternando. Mas o que eu ainda não me tinha apercebido, apesar das evidências que me atropelam constantemente, é que o futebol espectáculo está para além do futebol. Quem não se lembra do desastre da Coreia? E do que foi o sacudir água do capote, nos tempos seguintes? A Paula é talvez a mulher mais conhecida no futebol português! Será pelos seus dotes futebolísticos? O murro do Scolari, a saída do Scolari e as transferências sempre presentes durante fases finais! As bocas de Queiroz, as bocas de Laurentino, as bocas de Queiroz, as bocas do Vice, desde há 30 anos. O apego aos bodes expiatórios sempre presente por parte de quem está há anos na Federação. Quando há algum problema, passa-lhe ao lado! Objectivos cumpridos, mas no dia seguinte já não foram! Pilotos automáticos! A novela Mourinho! Os caprichos dos jogadores!
Este é o futebol espectáculo por excelência. E estamos só no âmbito da selecção. Ao entrarmos no mundo dos clubes, torna-se claro o porquê da pouca necessidade dos outros 2 F’s, tão utilizados em tempos idos. O Fado e Fátima, com a mediatização deste “futebol espectáculo”, passaram a ser secundários. Ok, é tempo de crise e vê-se que estamos a cortar nalguma coisa. De 3 F’s passámos para apenas 1. Isto deve ser bom! Deve poupar qualquer coisa em qualquer lado!
É importante que o “futebol espectáculo” continue. É preciso dar continuidade à festa, para anestesiar os problemas reais. E penso que com isto não precisamos de nos preocupar.Não será pelo presidente que faltará futebol espectáculo.
Mas não há tempo para pausas. A dinâmica do jogo é fundamental. Assim, o futebol espectáculo segue freneticamente com o próximo Porto-Benfica.
Para quem quiser analisar aspectos do futebol, à margem do futebol, talvez um pouco mais no âmbito da sociologia, está aqui um artigo interessante.
2 comentários:
Boas Pedro. O Futebol é hoje um fenómeno social global, ou seja, contempla em si todas as esferas do social. Assim sendo, e como desporto rei, é alvo de uma atenção extra que, na minha opinião, não seria má se as pessoas apreciassem o jogo mais do que apreciam tudo o que se passa fora dele.
Embora possamos culpar todos nós, deveriamos culpar principalmente aqueles que vivem dele e que por esse motivo o deveiram manter num ambiente saudável. Mas, como em todo o lado onde existe a disputa de poder, vale tudo para se manterem nos cargos.
Concordo contigo quando afirmas que o conceito de futebol espectáculo está a mudar sendo esse "espectáculo" mais apreciado fora do que dentro das 4 linhas.
Relativamente ao artigo aconselhado parece-me ser claramente uma questão de esteriótipos. O clássico "tuga" evoluiu, acolheu a globalização e adoptou os hábitos que se têm generalizado em todo o mundo. Isso acontece também no futebol, onde o jogador ideal é rápido, forte, alto e evoluido tecnicamente. A procura deste ideal fará com que, salvo rara excepção, as selecções de todo o mundo ganhem poder físico, sendo cada vez mais determinante no jogo a componente táctica, técnica e psicológica.
Minha opinião claro ;) Abraço
Viva Luís! Subscrevo o que dizes! Custa ver que o discutido no jogo é essencialmente o que se passa fora do jogo. Normalmente, via um jogo e saía satisfeito com os golos e as grandes jogadas, apesar de não perceber muito de futebol. Hoje no fim do jogo, há sempre tantos factores exógenos que continuo a não perceber o jogo, e fico com a sensação que o jogo foi muito mais do que vi durante 105 minutos.
O futebol devia ser simples, mas como podemos ver na imagem, a bola é cada vez menos redonda.
Abraço!
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