Houve uma visita de estudo feita ao Jardim Zoológico de Lisboa por uma turma de alunos finalistas de uma escola de moda, cujo interesse era desenvolver uma colecção inspirada nos animais selvagens. Esta turma era a prova viva da existência da biodiversidade. Cabelos, piercings, roupa, acessórios, havia de tudo. Havia ainda um coxo e um zarolho que demonstravam uma capacidade criativa e de operacionalização das ideias que os colocava no patamar dos melhores. Depois de terem passado pelo reptário, pelos elefantes e girafas, entraram na área dos leões. Mas eis que um dos leões salta de uma forma não muito harmoniosa a vedação. Começa a correr esbaforido e com cara de poucos amigos. Aparentemente procura a refeição. O pânico é geral. Todos gritam, todos correm, todos gritam, todos olham para trás e aceleram até ao máximo das suas forças. O zarolho grita o coxo, o coxo. Um tipo com metade do cabelo azul grita o coxo, o coxo. Todos estão a gritar o coxo, o coxo. O coxo, completamente fora de si grita: ei, qual é? O coxo o catano! O leão é que escolhe!
Esta história reflecte o que acontece em muitas das nossas organizações. Estão todos preocupados com o coxo, para que ele não fique para trás. Mas o coxo, sente que estão todos a tentar lixá-lo. Sente que ele vai ser o responsável, independentemente de o ser. Quando há erros, quando há momentos de tensão, quando há problemas, não pode haver a tentação de procurar alguém para sacrificar. Muitas vezes ainda é perfeitamente possível fazer alguma coisa para resolver o problema, e já estamos à procura de culpados. Deve tentar resolver-se a situação em equipa, aproveitando até estes momentos para solidificar a confiança entre os elementos de equipa. É nos momentos piores que se vê quem está ao nosso lado e se temos equipa. E nem o coxo deve partir do princípio que todos estão ali para o tramar, nem os outros deverão estar ali para o tramar. A confiança tem que ser uma realidade nas organizações. Como dizia o outro, a confiança é a base de qualquer relação.
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