A Confiança * O lenhador e a raposa

Havia um lenhador que acordava as 6 da manhã e trabalhava o dia inteiro a cortar lenha, só parando pela noite dentro. Esse lenhador tinha um filho, lindo, de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimação e de sua total confiança. Todos os dias o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa a cuidar do seu filho. Todas as noites ao regressar do trabalho, via a raposa feliz com sua chegada.

Os vizinhos do lenhador avisavam que a raposa era um bicho, um animal selvagem; e portando, não era confiável. Quando ela sentisse fome comeria a criança. O lenhador respondia-lhes sempre afirmando que isso era uma grande tolice. A raposa era sua amiga e jamais faria isso. Os vizinhos insistiam:

- "Lenhador abre os olhos! A raposa vai comer o teu filho."

- "Quando sentir fome, comerá o teu filho! "

Um dia o Lenhador, completamente exausto do trabalho e cansado desses comentários - ao chegar a casa viu a raposa sorrindo como sempre e sua boca totalmente ensanguentada.

O lenhador paralisou durante uns milésimos de segundo e, sem pensar duas vezes, deu uma machadada na cabeça da raposa.

Ao entrar no quarto desesperado, encontrou o seu filho no berço dormindo tranquilamente e ao lado do berço uma cobra morta. O Lenhador enterrou o machado e a raposa juntos.

E se a sobrevivência for, afinal, do mais amigável e não do mais forte? * Visão

Foto: Eva Blue, in unsplash

Sempre acreditei que, a longo prazo, não é o mais forte que é o mais bem sucedido, mas a pessoa agradável, prestável e que consegue criar relações positivas. Este artigo da Visão vem aumentar a convicção nestas crenças:

"A teoria da evolução das espécies assume a sobrevivência do mais forte e a interpretação comum das palavras de Charles Darwin é de que as espécies mais resistentes tenderiam a sobrepor-se às mais fracas. Mas e se as palavras de Charles Darwin tiverem sido distorcidas e se a sua mensagem tiver sido mal interpretada?

Os cientistas Brian Hare e Vanessa Woods, investigadores do Centro de Neurociência Cognitiva da Universidade de Duke na Carolina do Norte, EUA, acreditam que a força não foi o fator predominante que fez com que se desse a evolução de espécies que culminou no mundo como o conhecemos hoje.

O novo projeto de ambos, o livro “Sobrevivência do Mais Amigável: Compreender as Nossas Origens e Redescobrir a Nossa Humanidade Comum” propõe que as amizades e parcerias amigáveis tiveram um papel crucial e garantiram a evolução de espécies durante séculos.

Os autores defendem que espécies vingam no mundo através da simpatia, da cooperação e da comunicação – e dão vários exemplos para o demonstrarem.

“A sobrevivência do mais forte, que é o que todos têm em mente quando ouvem “evolução” e “seleção natural”, causou mais dano que qualquer outra teoria”, diz Hare. “As pessoas pensam na sobrevivência como o homem alpha que merece vencer. Não foi isto que Darwin sugeriu, ou o que se tem vindo a demonstrar. A estratégia mais eficaz na vida é a amigabilidade e cooperação, e é isso que observamos uma e outra vez.”

Os nossos leais companheiros cães são a prova disso mesmo. Lobos e humanos viviam e caçavam próximos uns dos outros. Habituados à presença humana, estes animais começaram a perder o medo que tinham e começaram a aproximar-se do Homem. Ao longo de várias gerações, perderam algumas das suas qualidades de predadores e passaram a conviver lado a lado com aqueles que anteriormente aterrorizavam.

“Infelizmente, os seus parentes próximos, os lobos, encontram-se ameaçados nos poucos sítios onde ainda habitam enquanto que existem centena de milhares de cães. Os cães são o bando de lobos que decidiram confiar nos humanos – em vez de caçar – e esse bando saiu vitorioso”.

Este sistema de cooperação é bem visível em várias espécies: as plantas com flor, por exemplo, fornecem alimento e energia e os animais tornam-se num transporte do pólen.

Os autores do livro estudaram também, dentro do mundo animal, os bonobos, uma espécie de primatas muito confundida com chimpanzés, mas que na realidade é muito diferente.

Os chimpanzés são lutadores natos, sempre prontos para a confusão. Os machos assumem o comando e podem tornar-se extremamente violentos, chegando mesmo a matarem-se uns aos outros. Por outro lado, os bobonos são liderados por fêmeas e são mais pacíficos. São generosos por natureza e retiram prazer ao partilharem os seus mantimentos com outros bonobos, ao contrário dos chimpazés que se tornam mais egoístas à medida que envelhecem.

Ao falar da reprodução, Hare explica que “o bobono macho mais amigável é mais bem-sucedido do que o chimpazé mais antipático”. Os bobonos acabam assim por terem mais descentes que os chimpazés – a simpatia revela ser uma mais-valia para a reprodução.

E para os humanos? O preceito é o mesmo. Para que continuemos a evoluir com sucesso, temos de ser uns para os outros, devemos abandonar um pensamento egocêntrico e de pensar somente no nosso bem. Temos de contemplar as necessidades do próximo. “Vencemos ao cooperarmos e ao trabalharmos em equipa. A nossa capacidade de comunicação permite-nos resolver o mais complexo dos problemas.”"

Os Amigos Nunca São para as Ocasiões


"Os amigos nunca são para as ocasiões. São para sempre. A ideia utilitária da amizade, como entreajuda, pronto-socorro mútuo, troca de favores, depósito de confiança, sociedade de desabafos, mete nojo. A amizade é puro prazer. Não se pode contaminar com favores e ajudas, leia-se dívidas. Pede-se, dá-se, recebe-se, esquece-se e não se fala mais nisso.

A decadência da amizade entre nós deve-se à instrumentalização que tem vindo a sofrer. Transformou-se numa espécie de maçonaria, uma central de cunhas, palavrinhas, cumplicidades e compadrios. É por isso que as amizades se fazem e desfazem como se fossem laços políticos ou comerciais. Se alguém «falta» ou «não corresponde», se não cumpre as obrigações contratuais, é logo condenado como «mau» amigo e sumariamente proscrito. Está tudo doido. Só uma miséria destas obriga a dizer o óbvio: os amigos são as pessoas de que nós gostamos e com quem estamos de vez em quando. Podemos nem sequer darmo-nos muito, ou bem, com elas. Ou gostar mais delas do que elas de nós. Não interessa. A amizade é um gosto egoísta, ou inevitabilidade, o caminho de um coração em roda-livre.

Os amigos têm de ser inúteis. Isto é, bastarem só por existir e, maravilhosamente, sobrarem-nos na alma só por quem e como são. O porquê, o onde e o quando não interessam. A amizade não tem ponto de partida, nem percurso, nem objectivo. É impossível lembrarmo-nos de como é que nos tornámos amigos de alguém ou pensarmos no futuro que vamos ter.
A glória da amizade é ser apenas presente. É por isso que dura para sempre; porque não contém expectativas nem planos nem ansiedade."

Miguel Esteves Cardoso, in 'Explicações de Português'

A lesma que queria ser caracol

Imagem em: Escola Britannica


Uma lesma andava a passear pela horta do dia e andava cabisbaixa. Não era feliz com a sua vida, porque queria ser caracol.
Nesse mesmo dia, ao fim de vaguear por umas horas, encontrou uma lâmpada caída no chão. Não era uma lâmpada qualquer, era a lâmpada onde vivia um génio da lâmpada.
A lesma, cheia de curiosidade, esfregou a lâmpada para ver se era mesmo verdade e havia génios naquelas lâmpadas, tão raras de encontrar. Saiu de lá um enorme génio que lhe disse:
- Lesma, tens 3 desejos. Estou a aguardar!
A lesma, apanhada de surpresa e com a sensação que o génio estava com pressa, disse:
- Quero uma couve verde, fresca e grande, uma couve coração de boi, para saborear; e a couve apareceu, com um aspeto delicioso... nham nham...
Depois daquele impulso inicial, disse ao génio:
- Quero couves para a vida inteira... Todos os dias uma folha destas...
O génio respondeu: - Desejo concedido.
O seu 3.º pedido, ainda mais ponderado, quis aquilo que desejava desde pequena, que era ser um caracol. O seu desejo foi concedido e apareceu uma casa às suas costas. Espetacular, magnífico, maravilhoso... o desejo de uma vida cumprido. Descansou na sua nova casa com um sono cheio de sonhos fantásticos.
No dia seguinte foi passear e encontrou um pinto da costa. Para sua sorte, agora era um caracol. Escondeu-se na sua casca dura enquanto o pinto da costa lhe dava fortes bicadas. Bicou, bicou, bicou até que perdeu o fôlego e foi embora.
Feliz e contente, o caracol que tinha sido lesma, foi para outra horta passear...
Mesmo não tendo necessidade de procurar novas couves.

P&T

O Beija-Flor e a catástrofe na floresta

Um dia, numa floresta magnífica, houve um fogo que estava a destruir tudo. A floresta estava posta em causa. Se ninguém fizesse nada, a floresta ficaria totalmente destruída.
Os animais estavam todos em pânico... Todos? Não... Havia um pequeno beija-flor que, apesar de sentir medo como todos os outros, não chegou ao pânico. Rapidamente olhou à sua volta para ver onde estava o lago e, com uma vontade imensa de salvar a sua casa, a sua região, dirigiu-se ao lago, apanhou água com o seu bico e voltou para a floresta lançando a água sobre o fogo.
A cena repetiu-se diversas vezes com um esforço colossal.
Alguns animais, no solo, começaram a olhar para o beija-flor e a achar que a sua ação era ridícula. Alguns riram-se e, no meio daquela catástrofe, ainda se ouviram algumas gargalhadas. Gozavam com o beija-flor por estar a lançar umas ínfimas gotas de água numas labaredas que pareciam infinitas.
Outros animais, que gostavam do beija-flor e queriam, de alguma forma protegê-lo do sarcasmo de outros, disseram-lhe:
- Beija, achas que tem algum efeito o que estás a fazer? São apenas umas gotas contra um fogo poderoso. Nunca vais conseguir apagar o fogo sozinho.
É provável que estejam certos - respondeu o beija-flor - no entanto, vou continuar a fazer o que estiver ao meu alcance... E seguiu para mais uma viagem de recolha e lançamento de água sobre o fogo.
O seu exemplo foi inspirador para outros animais e começaram a juntar-se ao beija-flor mais uns quantos que seguiam para o lago, recolhiam e lançavam água sobre o fogo. E mais se juntaram... E ainda mais... E não é que começaram a sentir que estavam a contrariar o fogo?
A floresta ficou bastante danificada, ficaram sem muitas casas, houve tristeza pelas perdas e sofrimento. Mas houve igualmente uma sensação de alegria, de dever cumprido, de certeza de que a colaboração, o esforço de cada um foi fundamental para que uma parte da floresta fosse salva. 

O que penso antes do jantar, segundo o Eneagrama!


Este está a ser um período difícil, por isso, antes de qualquer outro assunto, um grande abraço (à distância) para quem está na luta ativa contra o Covid-19 e também para quem está a fazer o que é pedido (a mim, pedem-me isolamento e estou a cumprir desde a semana passada).
Podemos pensar no que vamos fazer no pós-pandemia e como vai ser reunir com família e amigos.
Hoje, dia do meu aniversário, estou em isolamento. Acredito que noutros tempos o isolamento fosse bem mais complicado, pois o isolamento permite-me ter contacto com pessoas de quem gosto e que são importantes para mim. Hoje, com os facetimes, skypes, whatsup e outras plataformas similares, conseguimos estar em contacto, seja na vertente pessoal ou na profissional. Mesmo assim, já estou a planear uma festa de aniversário de arromba. Lá mais para o Verão... Ou no próximo ano... Quem sabe se faço uma semana de festa, com vários jantares!

Havendo vários jantares, um deles será com os Eneagramistas, que têm uma consciência grande das diferenças entre as pessoas. Sabendo que todos somos diferentes e já tendo visto algumas análises ao tema, fica aqui uma reflexão sobre o que cada tipo pensará, quando se estiver a preparar frente ao espelho, antes do próximo jantar:

1. Espero levar um vinho apropriado. E o dress code? Será que estou bem?
2. Espero que os meus amigos gostem todos uns dos outros. Eu estarei lá para os ouvir...
3. Espero fazer bastante networking. Vou contar a todos os meus sucessos.
4. Não estou com grande vontade de festas. Pode ser que percebam bem como a minha vida é difícil.
5. Queria ficar em casa a analisar os modelos matemáticos sobre a pandemia.
6. Tenho que me lembrar de dar comida ao cão... E não me posso esquecer de fechar tudo bem fechado.
7. Se não for um grupo divertido, eu faço-os divertirem-se à grande. Se não for possível, já tenho outras opções :-)
8. Só fico, se houver bom vinho, mulheres e música da boa! Comigo, seria um jantar memorável!
9. Espero que seja um jantar calmo, com todos a conviver harmoniosamente.

E cada um de vocês, que conhecem o vosso tipo? O que pensam quando se preparam para um jantar?

Sorte e saúde e que a força esteja connosco, para alcançarmos rapidamente a bonança!

CUIDA-TE!
KEEP SAFE!

Corona Vírus * COVID-19 * O lado positivo da tragédia

Fonte: Wikipedia
A luz que surge da sombra. Há várias notícias que nos dão esperança e fazem acreditar que a humanidade tem solução:












Os portugueses * A primeira Aldeia Global



"Os meus salvadores pagaram-me um copo de aguardente sul-africana, deram-me um maço de Rothmans, verificaram se tinha dinheiro suficiente na carteira e, depois, deixaram-me, de novo, entregue à cultura indígena. Nunca mais os tornei a ver. Foi a primeira vez que, pelo menos conscientemente, me tinha cruzado com portugueses - um primeiro encontro, não apenas com a sua extraordinária disponibilidade para ajudar um estrangeiro em apuros, mas também com o seu misto de fanfarronice, honra, ingenuidade e sangue-frio."

Martin Page, A Primeira Aldeia Global