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"Era uma vez, uma pequena aldeia, em que vivia um lavrador a quem faltava dinheiro para pagar uma dívida vultosa a um velho horripilante e antipático. O lavrador tinha uma filha lindíssima que o usurário cobiçava, pelo que resolveu propor-lhe um novo contrato: O lavrador teria o perdão da dívida se lhe desse a filha em casamento. Quer o lavrador quer a filha, ficaram estarrecidos com esta proposta. Então, o velho usurário mudou um pouco os termos da sua proposta sugerindo que fosse a sorte a determinar se haveria casamento. Disse que iria colocar uma pedra branca e uma pedra negra numa sacola vazia. A jovem tiraria uma das pedras à sorte… sem olhar para dentro da sacola. Se tirasse a pedra negra, casar-se-ia com ele e a dívida do pai considerar-se-ia saldada. Se tirasse a pedra branca, não teria que casar-se com o velho e a dívida seria considerada saldada, de igual modo. Pelo contrário, se ela recusasse entrar neste jogo, o pai seria imediatamente levado para a prisão. Sempre a falar, o velho agiota baixou-se para apanhar as duas pedras. A jovem, que tinha olho de lince, reparou que… o velho tinha apanhado duas pedras negras e as metera sem ninguém se aperceber dentro da sacola. Contudo, nada disse. A seguir, o velho usurário pediu à moça que tirasse uma das pedras de dentro da sacola. Toda esta cena tinha tido lugar num pequeno caminho que levava à porta da casa do lavrador, caminho esse feito de pedras brancas e pretas. Imagine por um instante o leitor desta história o que é que teria feito para ajudar a filha do lavrador nesta tão delicada situação, se lá estivesse presente. Analisando bem a situação, existem 3 hipóteses : 1) A moça deveria recusar-se a tirar a pedra. 2) A moça deveria tirar as duas pedras pretas da sacola e demonstrar assim que o velho tinha feito batota. 3) A moça deveria tirar a inevitável pedra preta e sacrificar-se casando-se com aquele velho repulsivo para evitar a prisão de seu pai.
Mas a jovem, não se ficou por estas 3 possibilidades, que continham todas problemas complicados associados: o dilema da jovem parece que não se pode resolver de uma forma convencional: se aceita a proposta, dá de mão beijada a sua felicidade, passando uma vida de sofrimento; mas se a repudia denunciando a armadilha, o pai vai diretamente para a prisão. Mas isto é assim apenas sob o ponto de vista do pensamento lógico tradicional. Eis o que a jovem astuta fez: Meteu a mão na sacola e tirou uma das pedras, mas de imediato a deixou cair ao chão sem que ninguém tivesse tido tempo de vê-la, desculpando-se com ar assustado. Esta pedra confundiu-se imediatamente com as centenas de pedras pretas e brancas que formavam o caminho de entrada na casa. Ai, que desastrada sou!, exclamou a moça. Como é que isto me aconteceu? Mas não tem importância, prosseguiu rapidamente. Tudo tem solução. Pode saber-se que pedra é que tirei, vendo a que ficou na sacola. Porque se a que ficou for branca, é porque tirei a preta e se a que ficou for preta, é porque tirei a branca. Não é assim? Pediu ao velho agiota que verificasse qual a pedra que ficara na sacola, se era preta ou branca… Por conseguinte, a primeira pedra que a moça tirou não podia ser outra que não a branca. E como o velho agiota não se atreveu a confessar a batota, a moça transformou uma situação que parecia impossível num final muito vantajoso ! Moral da história : Existe sempre uma solução para os problemas mais complexos O problema surge quando não sabemos ver as coisas pelo ângulo mais apropriado.",
ou como dizia o outro, "Por maior que seja o buraco em que você se encontra, pense que, por enquanto, ainda não há terra em cima!"
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