Não sei se como vão selecionar os taxistas, visto que existem critérios que, enquanto leigo, me parecem difíceis de medir objetivamente. No entanto, concordo com o princípio. Felizmente, a maioria dos taxistas que vou apanhando (ainda ando algumas vezes de taxi, principalmente em Lisboa e no Porto) são simpáticos e o serviço é mais positivo de que negativo.
Só taxistas com boa apresentação e carros recentes vão trabalhar no Aeroporto da Portela
No entanto, há experiências marcantes e, apesar da excelente impressão que tenho da cidade de Faro (não como cidade balnear), apanhei um condutor de autocarros excelente, mas um taxista completamente atrofiado!
O fim do XXII Congresso Europeu de Inovação e Criatividade
Depois de uma estadia ótima em Faro, iniciada com uma viagem de autocarro rejuvenescedora e por uns dias em Congresso que decorreram muito bem, com temas interessantissimos e com pessoas altamente qualificadas nos temas em discussão, chegou a hora de voltar à realidade. Fui entregar o Pólo ao aeroporto de Faro, onde foram atenciosos e corteses. "Se alguém tiver coragem de falar mal de Faro, não acreditarei numa palavra", pensava eu! Por todo o lado tinha encontrado gente simpática e disponível. Lojas, restaurantes, supermercados, por todo o lado. Depois de entregar o carro, fui ver os horários de autocarro, mas vi que havia algum risco de perder o comboio. Este comboio era o último do dia. Resolvo ir de taxi!
Taxi Driver - o dia internacional do elefante
Chego à zona de taxis do aeroporto e o que estava na frente da fila, era o do Mário, o taxi-driver que me caiu na sopa, que estava na cavaqueira com uma senhora. Apercebi-me que não foi com satisfação que me viram chegar. Já devem tirar pela pinta o pessoal que lhes dá mais dinheiro. Não ser louro e de olhos azuis, deve-o ter feito desconfiar. Cumprimento cordialmente Mário - o taxi-driver, com um sorriso de satisfação pela forma como tudo correu, mas também por sentir que o regresso a casa estava a acontecer.
Ao colocar a bagagem na mala do taxi, atiro logo que pretendo ir para a estação. Sai logo um comentário disparado: "Era de admirar era se não fosse!" "Como disse?" pergunto; "Nada, nada! Estação de comboios ou de autocarros?". Como se não bastasse a má educação levada a um nível extremo e a má vontade em prestar um serviço, ainda meteu umas trombas que, se dissesse que eram dignas do dia nacional do elefante, estava a praticar o eufemismo, porque eram dignas de um dia internacional do elefante, reconhecido pela generalidade dos países, pela ONU e pela Organização Mundial do Comércio. Se fosse possível quantificar, não tenho dúvidas que estaria no Guiness Book dos recordes.
A viagem fez com que se passasse por vários locais que os dias anteriores tinham polvilhado com pessoas simpáticas, atenciosas e disponíveis. Essa lembrança fez com que tentasse de novo abordar Mário, o taxi-driver, para uma pequena conversa. Afinal, ninguém é antipático apenas por que queria fazer uma viagem mais longa! Mas não, Mário, o taxi-driver, ficou mesmo rancoroso com a situação, e grunhidos foi o máximo que consegui retirar daquele angélico ser!
A cereja em cima do bolo, foi quando chegámos à estação e lhe pedi uma fatura. Nesse momento apenas bufou. Provavelmente já estava resignado por ter à frente alguém que apenas iria fazer uma viagem de 10€. Passou a fatura, e não se dignou a ajudar a tirar a bagagem da mala, o que fiz com alguma dificuldade. O taxi arrancou duma forma que deve ter retirado em combustível o lucro da viagem anterior e entrei no mundo da estação. Não foi apenas a viagem de 7 horas e o calor que, à chegada a Faro, tinha feito ficar com a sensação de que era uma zona com mau ambiente e suja. A estação tem de facto mau ambiente e aspeto sujo. A acrescentar, a polícia atrás de um meliante qualquer. Punha as mãos no fogo em como o meliante era o Mário, o taxi-driver!
Taxi Driver: a imagem que fica
A imagem com que saí de Faro podia estar ao nível da excelência. No entanto, o taxi-driver fez com que tivesse a consciência de que, apesar de ter ficado uma boa imagem, alguém que serve ou deveria servir as pessoas de Faro e as pessoas que visitam Faro, foi suficientemente incompetente na sua função para estragar uma imagem de uma cidade. Já encontrei taxistas simpáticos, atenciosos e com vontade de levar as pessoas ao destino, independentemente da distância. Neste caso, Mário, o taxi-driver teve uma influência negativa em dois aspetos: na perceção final da cidade de Faro (e sabemos que a perceção final é importante na perceção global); e na vontade de encontrar alternativas a taxis, sempre que possível.
Assim, só posso dizer o quanto lamento que Mário, o taxi-driver, possa ser a última imagem que alguém deixa da cidade de Faro, ou de Portugal.