o motorista de Faro


Já aqui contei a história do Mário, o taxi driver de Faro. Já foi apresentado por outras palavras o nível de atrofio do dito taxista. Fiquei dividido entre reclamar para alguma associação de taxistas, pois há taxistas que são excelentes profissionais e não deveriam pagar por este espécime, ou chamar algum funcionário municipal responsável pela recolha dos animais perigosos. Como bom português, fiquei furioso, achei que devia fazer e acontecer, mas ação que é bonita, nada. Nem reclamei nem chamei os responsáveis. Típico! Só garganta!

Mas Faro tem muito mais do que mal encarados. Seria injusto que não salientasse a forma como fui tratado, numa região que tem fama de tratar "menos bem" os portugueses. E começou bem.

A chegada a Faro
A última vez que estive em Faro, foi em Setembro. Ao contrário do que é habitual nas idas ao Algarve, fui de comboio. A intenção era alugar um carro à saída da estação. Já tinha saído da estação o espaço para aluguer de carros. A acrescentar a esta consciência de que poderia ter mais dificuldades em alugar um carro, e depois de mais de 7 horas para chegar a Faro, a chegada à estação, talvez já marcada pelo cansaço, fez com que a primeira impressão não fosse muito positiva. O termómetro marcava 26ºC, mas parecia que estava mais quente. O ar abafado e o aspeto sujo da estação, fez com que se instalasse alguma desconfiança sobre as anteriores impressões positivas sobre a cidade. Também me parecia ver um conjunto de mal encarados no bar da estação dos quais, alguns pareciam estar em fase inicial de integração nos alcoólicos anónimos e outros ainda não tinham chegado à fase de reconhecimento do problema.

Lá fui questionar a senhora do quiosque, que também utilizo como centro de informações ao chegar a sítios desconhecidos, sobre onde haveria carros para alugar e a melhor forma de lá chegar. Indicaram-me o aeroporto e o local do autocarro.

A viagem de autocarro
Ao chegar ao autocarro, pedi bilhete e o motorista com um sorriso rasgado e um ar de quem a vida só pode correr bem, deu-me o bilhete e disse-me de imediato que se precisasse, me indicava quando sair. Agradeci já com uma melhor disposição. Pelo caminho, enquanto ia absorvendo a informação dos vários locais que visitas turísticas não mostram. Pelo caminho, o condutor ia passando por várias pessoas e ia gritando: "Hei! Tudo bem? Vais entrar agora?" E lá ia todo satisfeito cumprimentando alegremente que entrava no autocarro, buzinava com um sorriso para que os seus conhecidos/amigos olhassem para ele e ia cumprimentando, falando, acenando, fazendo o gesto globalmente conhecido como o like e ainda olhando para trás e fazendo comentários sobre os sítios e algumas pessoas por quem íamos passando. E sempre com uma perspetiva positiva, que deixava qualquer passageiro bem disposto. Cheguei ao aeroporto de Faro, avisou-me e desejou-me boa estadia. A viagem acabou, e uma simples viagem de autocarro mudou a minha percepção de Faro. Estou perfeitamente convencido que o facto de ter apanhado este  motorista no início da estadia, contribuiu para que a estadia corresse melhor. Além disso, recuperei rapidamente a boa imagem da cidade, imagem essa que corria sérios riscos, com a chegada à estação.

Este motorista, que alegrava a cidade de Faro, lembrou-me da história com que Daniel Goleman iniciou o seu livro "Inteligência Emocional". No caso do livro, o motorista alegrava a cidade de Nova Iorque.

Façam um favor a vocês mesmos: Contratem gente simpática
Li algures que, em caso de funções com contato direto com o público, era mais fácil e seguro recrutar gente simpática e dotá-los das competências técnicas necessárias para a função, do que o inverso. Tirando questões de qualificações muito próprias, subscrevo esta postura.

Se já acreditava que a forma como nos recebem em locais desconhecidos ou de frequência reduzida, fiquei completamente convencido que o recrutamento de pessoas para funções em que há um contato direto com pessoas, deve ter em consideração a capacidade das pessoas gerarem empatia, serem simpáticas e disponíveis para ajudar. O turismo local só tem a ganhar! Um grande bem haja para o dito motorista, do qual nem o nome sei, mas que foi importante para a melhoria da estadia e para a imagem da cidade.

2 comentários:

Anónimo disse...

Estive a ler o seu texto, fiquei um pouco confuso, pois n consegui perceber onde o motorista o deixou, no aeroporto ou na estação, não sei se foi de camelo, ou de burro, estupido já vi que é.

Pedro Paiva disse...

Viva,
o motorista deixou-me no aeroporto.
O meio de transporte foi o autocarro. Procurarei ser mais claro em próximos textos.
Obrigado pelo comentário!