A Piscina dos Jacarés


Por Ad Meskens - Obra do próprio, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=34234396

Num sumptuoso evento realizado numa das magníficas propriedades de um elegante magnata, num determinado momento, decide interromper a música que embalava os presentes. Com o olhar fixo na piscina onde, com dedicação, mantém crocodilos australianos, proclama:

"Quem, ousadamente, se lançar na piscina, lograr atravessá-la incólume e emergir ileso do outro extremo, terá como recompensa a posse de todos os meus automóveis. Alguém, porventura, se disponibiliza para tal desafio?"

Atónitos, os convivas permanecem em silenciosa contemplação, e o magnata, não satisfeito com a ausência de voluntários, insiste:

"Aquele que, corajosamente, se aventurar na piscina, vencer as águas e emergir ileso na margem oposta, será agraciado não apenas com meus veículos, mas também com a concessão dos meus helicópteros. Algum cavalheiro ou dama se disporia a tal empreendimento?"

O silêncio mantém o seu domínio, e, projetando a sua voz, renova a sua oferta:

"Aquele que, com ousadia, se precipitar nas águas, transpuser a extensão da piscina e emergir vivaz do outro lado, terá em seu domínio não apenas os meus automóveis e helicópteros, mas, igualmente, a titularidade das minhas esplêndidas residências."

Entretanto alguém, audaciosamente, se atirou à piscina.

A cena que se desenrola é, sem dúvida, de extrema grandiosidade. Uma intensa batalha se instaura, e o intrépido protagonista defende-se com mestria, agarrando as gargantas dos crocodilos com pés e mãos e torcendo-lhes as caudas. Ah! Que magnífico espetáculo, repleto de violência e emoção. Após alguns minutos de terror e pânico, emerge o valoroso indivíduo, marcado por arranhões, contusões e praticamente desprovido de indumentária.

O magnata, aproximando-se respeitosamente, congratula-o e indaga:

"Ao agraciado, onde almeja a entrega de meus automóveis?"

"Muito grato, porém, não cobiço seus carros. Estou satisfeito com o que possuo", responde o destemido.

Surpreso, o magnata prossegue:

"E os helicópteros, onde pretende que sejam entregues?"

"Agradeço, mas não ambiciono os seus helicópteros. Acrescento ainda que tenho uma aversão quase patológica às alturas!"

Perplexo com a reação inusitada do homem, o magnata indaga:

"E as mansões?"

"Tenho uma moradia que me satisfaz plenamente. Desdenho as suas residências. Deixe-as para si. Nada do que lhe pertence me interessa."

Impressionado, o milionário pergunta, atônito:

"Se nada do que ofereci lhe suscita desejo, que anseios alimenta, então?"

"Unicamente encontrar o irresponsável que me impeliu a este desafio aquático!", responde, com sagacidade, o corajoso protagonista.

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