Escrevo este texto, porque após estar presente durante algum tempo no plenário de militantes, percebi que a postura do presidente da Comissão Política de Secção da Mealhada (CPSM) continua a mesma de sempre e a aplica de forma clara a táctica “o ataque é a melhor defesa”. E assim, no início do plenário passou por enumerar um conjunto de desculpas, por identificar um conjunto de bodes expiatórios, e de quando em quando lá se dizia que também tinha algumas culpas no cartório. Esta postura ficou patente quando, um militante manifestou uma opinião crítica relativamente aos resultados, e foi atacado de forma incompreensível pelo presidente da CPSM, que demonstrou muito rancor e muita raiva pelo militante em causa e pelos dois outros que o acompanhavam, e que não tinham ainda manifestado qualquer opinião.
Muito sinceramente, neste momento não tenho grande paciência para estar a ouvir desaforos de pessoas que deviam contar com o voluntarismo dos militantes e simpatizantes, mas pela sua uma postura prepotente e autoritária, completamente contrária ao que é suposto haver num partido democrático, afastam muitos dos militantes. E embora se possa dizer que existem mais militantes (o que é positivo), muitos são banidos, seja de forma clara ou subtil, embora a subtileza não seja uma característica desta CPSM. Actualmente, quem tem opinião contrária é visto como alguém a banir. E o presidente da CPSM é o primeiro a apontar armas e a disparar em todas as direcções, quando devia seguir o exemplo do Presidente do Plenário que tem uma atitude de pacificadora e inclusiva.
O presidente da CPSM devia dar maior atenção ao seu verniz inicial nas reuniões ou eventos em que participa, pois este quebra-se com muita facilidade. É normal que os argumentos que apresenta sejam essencialmente ligados à sua capacidade vocal e aos décibeis associados. Os argumentos associados a fundamentos objectivos e válidos ficam de parte.
Um dos pontos a discutir no plenário de 27.11.2009 era a análise dos resultados eleitorais. Gostaria de ter manifestado a minha opinião, em que nem tudo era contra, nem tudo a favor da CPSM. Aliás, é uma simples análise da perspectiva de alguém que esteve por fora destas eleições, por convicção. Estou convencido que poderia ser uma análise para ajudar a reflexão que o nosso partido tem que fazer localmente. Assim, apresento de seguida alguns pontos que considero importantes no resultado do PSD da Mealhada:
§ O PS está a gerir bem as finanças do Município e é reconhecida essa gestão por diversas entidades e rankings que ajudam a formar a opinião dos eleitores.
§ Houve a inauguração de obras emblemáticas que há muito eram aguardadas pelos munícipes.
§ Houve uma campanha do PSD nacional que esteve muito focada em aspectos negativos e o resultado eleitoral das legislativas reflectiu essa postura.
§ O PSDM teve a sua campanha focalizado em aspectos negativos (principalmente num longo período de pré-campanha), e em apontar o dedo a tudo o que era feito pelo PS, o que associado à campanha negativa para as legislativas contribuiu para os resultados.
§ Houve erros na mensagem de campanha. Como exemplo podemos ver com uma das frases de campanha: “depois as ideias, os projectos e as obras”.
§ Ainda relativamente aos cartazes, para as pessoas e o concelho estarem primeiro, têm que se ter ideias, realizar projectos e obras que satisfaçam as suas necessidades. Mesmo percebendo a intenção, julgo que as frases não foram bem conseguidas.
§ Hostilizar pessoas importantes para uma estratégia de médio prazo do partido não foi positivo. Retirar a confiança política aos vereadores foi claramente uma posição despropositada e de pura vingança.
§ A colagem a casos identificados por vereadores do PSD (a quem a CPSM tinha retirado a confiança política) no que respeita a alguns casos mais polémicos dos últimos meses. E a teimosia demonstrada com estes casos.
§ A hostilização de militantes desde que foi tomada a posse da actual CPSM, e que pura e simplesmente ficaram em “casa”, por não se sentirem minimamente identificados com o programa.
§ A elaboração de um programa, aparentemente feito apressadamente e atirando propostas e ideias para um todo, que não verifica a viabilidade financeira e técnica de alguns dos projectos propostos (estas questões podem minar a credibilidade de quem os coloca em cima da mesa, se não houver uma mensagem clara não só do que deve ser feito, mas de como deve ser feito).
Os elementos da CPSM sabem, melhor do que ninguém, quais foram os aspectos positivos e negativos da campanha. Um dos aspectos positivos foi o aparecimento de novas pessoas, factor bem importante para o dinamismo e a afirmação do partido.
Relativamente à liderança, que é um factor relevante no alcance dos objectivos de uma equipa, gostava ainda de fazer algumas reflexões.
O líder de qualquer organização tem como principal função definir uma visão e demonstrar às pessoas que o rodeiam as virtudes do programa, a visão, para que se comprometam, se motivem, se envolvam e para que apoiem o alcance dos objectivos de forma voluntária e empenhada. A liderança actual pretende que as pessoas se envolvam por decreto. Acha que há um dever de acatar as ordens do partido de forma passiva, cega, acrítica e seguidista. Esta forma de pensar indicia de imediato que não estamos perante um líder, mas sim perante um chefe. Um chefe que tem a legitimidade proveniente dum sufrágio pelos militantes, logo o poder formal, mas falta o poder informal, aquele que realmente motiva e induz as pessoas a fazerem o necessário para alcançar as metas propostas. Ao presidente da CPSM falta o poder resultante das qualidades e do carisma de um líder e/ou o poder resultante da competência ou conhecimentos para o exercício da função. Não se decreta que as pessoas têm que participar nas campanhas e nos projectos. Tem que se conquistar cada uma das pessoas e promover a motivação das mesmas e a sua vontade para participar. Este presidente da CPSM tem um perfil de lider autocrático, sem o carisma e sem o reconhecimento da sua competência pelos militantes e pela população. Isto ajudado por consecutivos erros ao nunca assumir a vereação, ao aparecer apenas quando tem interesse no voto das pessoas, o que demostra uma postura de arrogância e de falta de vontade de trabalhar em prol do concelho, seja qual for a circunstância. Situações tão simples como não saber se uma candidata a vereadora que se encontrava grávida já teve o filho ou não passado mais de um mês das eleições e da campanha em que a senhora participou, para mim é demonstrativo de uma preocupação única consigo próprio, esquecendo no momento em que deixa de necessitar das pessoas, das suas necessidades e anseios.
Apesar de não poder avaliar o seu carácter, pois não o conheço suficientemente bem, a sua personalidade revela traços que não estão normalmente associados a liderança e espírito de equipa. É uma personalidade muito vincada pelo “quem não está comigo está contra mim”, prejudicial à inclusão e união tão propalada nestas reuniões. É incrível o azedume existente, para não dizer o rancor ou algo mais forte a quem não partilha a sua opinião.
Durante muitos anos, fez exactamente aquilo de que se queixa. Antes das eleições surgiam sempre artigos ou entrevistas suas muito críticas aos candidatos. Actualmente, já em tempo de campanha, deu uma entrevista em que, apenas pelas suas palavras e mesmo quem não conhecesse as circunstâncias, o seu discurso já preparava as desculpas para uma derrota anunciada, procurando bodes expiatórios, razões e culpados, que não o próprio para a sua derrota. Um dos motivos pelo qual não concordei com esta candidatura é o facto de já ter perdido duas vezes e sempre abandonou o barco (renunciou à vereação). Outro motivo é a inexistência de um projecto. Pelo menos a mensagem da existência de um projecto não passou. E eu considero-me uma pessoa atenta e interessada nas questões importantes para o concelho, não me apercebi de qualquer projecto.
Não tenho interesses, pois já há muitos anos que contribuo para o partido por carolice. Mas este contributo é por estar convencido que é uma forma de melhorar as condições de vida das pessoas do meu concelho. Não abdico de, independentemente da militância, ter as minhas próprias ideias sobre os projectos que são apresentados pelo meu partido, mais do que as pessoas, embora as pessoas sejam essenciais para saber se estou ou não com o projecto. A partir do momento em que queiram instituir o pensamento único, estou fora. Não sou seguidista e considero que seguir acriticamente o partido é prejudicial para o próprio partido.
O que devia ser um motivo de reflexão para o presidente da CPS, deixa-o atónito. “Como é que é possível que as pessoas em todo o lado me digam que vão votar em mim e que me dão o apoio e depois os resultados são estes?” – Eu penso que esta percepção dos candidatos é devida a algumas formas de reagir numa situação de confrontação directa com o candidato:
- Algumas pessoas serão simpáticas e educadas, o que não significa que votem no seu interlocutor;
- Algumas pessoas não estarão para se aborrecer, ainda para mais quando quem está à sua frente é capaz de ser inconveniente e incorrecto quando se manifestam opiniões divergentes;
- Quem está envolvido na campanha, por ter normalmente as pessoas que o apoiam ao seu lado, vai criando gradualmente uma sensação de ter muita gente do seu lado, e a dimensão do apoio pode ser muito diferente da realidade.
O Futuro
A minha convicção é que apenas alguém com um perfil pacificador conseguirá que o partido possa ter perspectivas de alcançar os seus objectivos de sempre.
Apenas alguém que tenha uma visão para o concelho poderá aspirar a ganhar num concelho como o nosso de matriz claramente socialista.
Apenas alguém que consiga demonstrar que o seu único interesse é melhorar a vida dos concidadãos.
Apenas alguém que prove com o seu trabalho que é capaz, credível e de confiança.
Dificilmente os últimos presidentes (últimos 10 anos) da CPSM terão condições para estar à frente de projectos no partido, pois todos têm questões entre si que ultrapassam o âmbito da política. Todos têm os seus apoiantes e representam facções.
Este plenário foi, provavelmente, a primeira oportunidade perdida para preparar o futuro do partido, que já deveria ter começado a ser preparado desde 12 de Outubro.
Tinha esperanças que o presidente da CPSM seguisse os passos da Presidente do Partido, e que o seu objectivo fosse a passagem pacífica dos destinos do partido.
Tinha esperanças que o objectivo do presidente da CPSM fosse permitir aos militantes que se organizassem de forma a poder discutir mais do que pessoas, projectos.
Falsa esperança. Há coisas que não mudam, e a monarquia parece querer instalar-se no partido.
Um homem tem o direito a perseguir o seu sonho, mas 3 vezes já chega.
Gosto do partido, revejo-me nos seus ideais. Mas que não haja dúvidas, gosto incomensuravelmente mais do meu concelho e de toda esta região.Para terminar, junto um quadro resumo, para que todos possam fazer a sua análise e manifestar a sua opinião.
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