O professor X e a jornada de sucesso.



Era uma vez um vez um puto que gostava de ler... Chamemos-lhe X. Era um aluno razoável e discreto, embora gostasse de ser reconhecido, quando conseguia uma nota melhor. Até chegar à Universidade, levou uma vida simples, que cumpria com os requisitos das vidas que muitos pais planeiam para os seus filhos: escola, secundário, universidade, especialidade segura e que permitiria uma vida normal, emprego, casamento e assim por aí adiante. 

Até à entrada para a Universidade, a sua vida seguiu o planeado pelos seus pais. Uns tempos depois de chegar, a situação saiu dos trilhos pré-determinados: o X conheceu outros estudantes, alguns mais rebeldes e ativistas. Um deles tornou-se o seu primeiro. O seu exemplo. Aquele por quem ele faria muito. Aquele que queria ter como amigo durante toda a  sua vida. O Primeiro fazia parte da Associação e, a sua vertente de Engenharia, não lhe dava ferramentas para analisar as contas da Associação, pela qual era responsável. Começou a pedir ao X para lhe ver algumas contas e analisar o que poderia ser feito na apresentação de resultados nas assembleias.

O X, que não gostava da área fiscal nem do que a rodeava, nem tinha pensado alguma vez seguir a via da fiscalidade, por amizade fraterna, começou a aprofundar esses temas. 

Começou a ter algum destaque, pois o Primeiro dava-lhe os louros da análise. O entusiasmo foi-se apoderando dele e estudava de forma cada vez mais afincada. Começou a pensar que seria possível ser um especialista naquela área. Nos seus melhores sonhos, até se via como o maior especialista do mundo conhecido em fiscalidade.

Passou a estar determinado a se destacar e X mergulhou cada vez mais profundamente nos estudos. Pesquisava noite após noite, mesmo que não houvesse uma necessidade imediata daquele conhecimento e lia jurisprudências antigas e novas, devoravando livros sobre a especialidade. Não eram muitos dos que o rodeavam que considerassem ser um bom caminho, o que o X estava a trilhar. No entanto, X acreditava cada vez mais nas oportunidades desta via.

Com o tempo, sua dedicação começou a dar frutos. Carlos tornou-se um verdadeiro perito naquela área pouco explorada. A notícia de sua competência começou-se a espalhar, e ele passou a ser procurado por profissionais da área, advogados e até mesmo por juízes, que procuravam a sua opinião sobre questões específicas.

Cada projeto, cada desafio, cada questão era uma oportunidade de aprofundar ainda mais o seu conhecimento. X respondia a cada solicitação com minúcia e dedicação, o que só aumentava sua reputação.

X não era apenas reconhecido em círculos restritos; a sua fama ultrapassou as fronteiras da sua especialidade. Começou a ser convidado para palestras e conferências, partilhando a sua experiência e conhecimento com uma audiência mais ampla.

A sua reputação como especialista levou a que a remuneração dos seus pareceres fosse aumentando, pois muitos queriam a sua visão do assunto Oferecia pareceres especializados a empresas e profissionais que reconheciam o valor único da sua experiência.

X foi convidado para ser professor numa reputada Universidade, oferecendo-lhe uma papel relevante para que pudesse partilhar o seu conhecimento com a próxima geração de estudantes de direito. O que começou como uma escolha desafiadora e solitária transformou-se numa jornada de sucesso e reconhecimento, onde X não só superou as expectativas, mas também ajudou a moldar o futuro da sua área de especialização.

Parabéns, Professor X.

A Piscina dos Jacarés


Por Ad Meskens - Obra do próprio, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=34234396

Num sumptuoso evento realizado numa das magníficas propriedades de um elegante magnata, num determinado momento, decide interromper a música que embalava os presentes. Com o olhar fixo na piscina onde, com dedicação, mantém crocodilos australianos, proclama:

"Quem, ousadamente, se lançar na piscina, lograr atravessá-la incólume e emergir ileso do outro extremo, terá como recompensa a posse de todos os meus automóveis. Alguém, porventura, se disponibiliza para tal desafio?"

Atónitos, os convivas permanecem em silenciosa contemplação, e o magnata, não satisfeito com a ausência de voluntários, insiste:

"Aquele que, corajosamente, se aventurar na piscina, vencer as águas e emergir ileso na margem oposta, será agraciado não apenas com meus veículos, mas também com a concessão dos meus helicópteros. Algum cavalheiro ou dama se disporia a tal empreendimento?"

O silêncio mantém o seu domínio, e, projetando a sua voz, renova a sua oferta:

"Aquele que, com ousadia, se precipitar nas águas, transpuser a extensão da piscina e emergir vivaz do outro lado, terá em seu domínio não apenas os meus automóveis e helicópteros, mas, igualmente, a titularidade das minhas esplêndidas residências."

Entretanto alguém, audaciosamente, se atirou à piscina.

A cena que se desenrola é, sem dúvida, de extrema grandiosidade. Uma intensa batalha se instaura, e o intrépido protagonista defende-se com mestria, agarrando as gargantas dos crocodilos com pés e mãos e torcendo-lhes as caudas. Ah! Que magnífico espetáculo, repleto de violência e emoção. Após alguns minutos de terror e pânico, emerge o valoroso indivíduo, marcado por arranhões, contusões e praticamente desprovido de indumentária.

O magnata, aproximando-se respeitosamente, congratula-o e indaga:

"Ao agraciado, onde almeja a entrega de meus automóveis?"

"Muito grato, porém, não cobiço seus carros. Estou satisfeito com o que possuo", responde o destemido.

Surpreso, o magnata prossegue:

"E os helicópteros, onde pretende que sejam entregues?"

"Agradeço, mas não ambiciono os seus helicópteros. Acrescento ainda que tenho uma aversão quase patológica às alturas!"

Perplexo com a reação inusitada do homem, o magnata indaga:

"E as mansões?"

"Tenho uma moradia que me satisfaz plenamente. Desdenho as suas residências. Deixe-as para si. Nada do que lhe pertence me interessa."

Impressionado, o milionário pergunta, atônito:

"Se nada do que ofereci lhe suscita desejo, que anseios alimenta, então?"

"Unicamente encontrar o irresponsável que me impeliu a este desafio aquático!", responde, com sagacidade, o corajoso protagonista.

O canto do passarão...





Passarinho, Passarão...
Se o teu canto não encanta, 





pondera mudar de canto,
antes de mudares de floresta!

A crise do sushi ou o tubarão no tanque


A pesca e o problema do peixe fresco

Os japoneses sempre adoraram peixe fresco. A sua cultura utiliza peixe em muitos pratos e é a base da sua culinária. A partir de determinada altura do século passado, a indústria pesqueira deparou-se com um problema: os cardumes estavam a desaparecer da costa, o que os obrigou a pescar em distâncias cada vez maiores, com barcos maiores e com mais dias no mar, de forma a ter acesso aos cardumes com dimensão para alimentar toda uma população. Assim, o tempo entre a pesca e a entrega aos clientes foi aumentando. Esta questão levou a que os peixes perdessem algumas das suas características alimentares, e não fosse tão apetitoso, fazendo com que os japoneses já não apreciassem da mesma forma o peixe. Aqui estava um problema para a indústria pesqueira, que via as suas quotas em risco. Sabemos que, quando há problemas, entra a criatividade e o engenho para minimizar ou eliminar esse problema.

A solução
Assim, as empresas começaram a usar sistemas de congelação nos seus navios de pesca. Parecia uma boa solução, mas não foi. Apesar de congelarem o peixe em alto-mar, de forma a que o processo de congelação fosse o mais rápido possível, minimizando a perda de características do peixe fresco, os consumidores, com um gosto sensível e apurado ao longo de gerações a consumir peixe, percebiam a diferença entre peixe fresco e peixe congelado e não gostavam.

O mercado justificava continuar a procura de soluções alternativas que permitissem que o gosto dos peixes se mantivesse incólume.

A outra solução
Foto: Lu Zhao no Pexels

Encontraram uma nova solução e os barcos começaram a ter tanques enormes, onde os peixes poderiam ser transportados vivos, desde o seu local de pesca em alto-mar, até ao local de consumo. Nos navios, enfiavam os peixes num tanque, tipo “sardinha em lata”, para otimizar a utilização do espaço. Após algum tempo, ficavam sossegados, sem se debater nem mover, pois acomodavam-se ao espaço exíguo. Uma estratégia brilhante, não fosse a falta de contributo dos peixes, que se tornavam sedentários e chegavam aos locais de consumo, apesar de vivos, com sintomas de cansaço e abatidos, o que influenciava o seu sabor e textura. E os japoneses continuavam a perceber uma diferença grande entre o peixe fresco e o peixe trazido até ao prato com os processos alternativos. Apesar das várias soluções, parecia que ainda não eram suficientes para agradar os clientes.

O problema continuava a existir na ponte do navio: o peixe que entregavam aos seus consumidores tinha um sabor diferente do peixe fresco.

Então, era preciso continuar a procurar outras soluções que permitissem entregar o peixe com o sabor de peixe fresco. Como o poderiam fazer? Como encontrar uma forma de levar ao consumidor a pureza do sabor a peixe fresco?

Ainda outra solução
Após tentativas infrutíferas, podiam ser levados a desistir, e a pôr a culpa em “bodes expiatórios”, começando pelos clientes. Claro que seria o caminho mais rápido para os resultados mais… desastrosos! Não foi o que aconteceu. O que aconteceu foi o surgir de uma nova solução que ainda hoje é usada. Se agora é uma ideia lógica e com sucesso, peço que se coloquem comigo no tempo e na sala onde pela primeira vez foi manifestada esta ideia, ou o conceito que se trabalhou até chegar a esta ideia. É provável que tenha deixado muitas dúvidas e reticências nos participantes das reuniões onde se deu esta ideia. Claro que podemos dizer que é uma ideia simples. Todavia, como já dizia Leonardo da Vinci que “a simplicidade é o último grau da satisfação.” E sabemos que para chegar a uma ideia simples, podemos ter que percorrer um longo caminho com ideias e experiências que nos façam ir aprendendo até chegar a um resultado simples e que nos satisfaz. E a ideia de pôr um tubarão pequeno nos tanques, fez o seu caminho e ainda hoje é utilizada nos navios pesqueiros, que andam vários dias por fora.

Algum de nós se lembraria desta solução?

Ovo de Colombo
Talvez… Contudo, tal como o Ovo de Colombo, após a apresentação da solução, verificamos como é tão simples e, com certeza, lá chegaríamos, mais cedo ou mais tarde. A questão é que se alguma alma caridosa não tivesse dado esta ideia, se as equipas não a tivessem trabalhado, aperfeiçoado e operacionalizado, podia ser muito tarde para a indústria pesqueira, que poderia ter perdido parte dos seus clientes, que entretanto já se poderiam ter afeiçoado a outros pratos e reduzido os gastos com o peixe.

Assim, apesar de uns quantos peixes se tornarem comida de tubarão durante o processo de transporte, uma imensa maioria dos peixes chegavam saborosos e frescos ao prato do consumidor, que voltaram a consumir o alimento em grande escala, para gáudio dos pescadores.

Esta história tornou-se uma metáfora que pode ser usado na vida empresarial ou nas nossas vidas pessoais e podemos retirar desta história algumas lições interessantes, que deixo a cada um a oportunidade de o fazer.

É proibido resmungar * Mário Sérgio Cortella

Foto: Wikipedia

"A regra Beneditina que eu mais gosto é a regra 34:

É proibido resmungar. 

Não é proibido discordar, reclamar, debater. 

Resmungar é aquele que ao invés de acender a vela fica amaldiçoando a escuridão. 

É uma questão de decisão, de atitude. 

Decidir acender a vela, procurar a vela e acendê-la. 

Por isso, vamos falar como S. Bento: É Proibido Resmungar. Vai e faça, levante e faça."

                Mário Sérgio Cortella 

A Confiança * O lenhador e a raposa

Havia um lenhador que acordava as 6 da manhã e trabalhava o dia inteiro a cortar lenha, só parando pela noite dentro. Esse lenhador tinha um filho, lindo, de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimação e de sua total confiança. Todos os dias o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa a cuidar do seu filho. Todas as noites ao regressar do trabalho, via a raposa feliz com sua chegada.

Os vizinhos do lenhador avisavam que a raposa era um bicho, um animal selvagem; e portando, não era confiável. Quando ela sentisse fome comeria a criança. O lenhador respondia-lhes sempre afirmando que isso era uma grande tolice. A raposa era sua amiga e jamais faria isso. Os vizinhos insistiam:

- "Lenhador abre os olhos! A raposa vai comer o teu filho."

- "Quando sentir fome, comerá o teu filho! "

Um dia o Lenhador, completamente exausto do trabalho e cansado desses comentários - ao chegar a casa viu a raposa sorrindo como sempre e sua boca totalmente ensanguentada.

O lenhador paralisou durante uns milésimos de segundo e, sem pensar duas vezes, deu uma machadada na cabeça da raposa.

Ao entrar no quarto desesperado, encontrou o seu filho no berço dormindo tranquilamente e ao lado do berço uma cobra morta. O Lenhador enterrou o machado e a raposa juntos.

E se a sobrevivência for, afinal, do mais amigável e não do mais forte? * Visão

Foto: Eva Blue, in unsplash

Sempre acreditei que, a longo prazo, não é o mais forte que é o mais bem sucedido, mas a pessoa agradável, prestável e que consegue criar relações positivas. Este artigo da Visão vem aumentar a convicção nestas crenças:

"A teoria da evolução das espécies assume a sobrevivência do mais forte e a interpretação comum das palavras de Charles Darwin é de que as espécies mais resistentes tenderiam a sobrepor-se às mais fracas. Mas e se as palavras de Charles Darwin tiverem sido distorcidas e se a sua mensagem tiver sido mal interpretada?

Os cientistas Brian Hare e Vanessa Woods, investigadores do Centro de Neurociência Cognitiva da Universidade de Duke na Carolina do Norte, EUA, acreditam que a força não foi o fator predominante que fez com que se desse a evolução de espécies que culminou no mundo como o conhecemos hoje.

O novo projeto de ambos, o livro “Sobrevivência do Mais Amigável: Compreender as Nossas Origens e Redescobrir a Nossa Humanidade Comum” propõe que as amizades e parcerias amigáveis tiveram um papel crucial e garantiram a evolução de espécies durante séculos.

Os autores defendem que espécies vingam no mundo através da simpatia, da cooperação e da comunicação – e dão vários exemplos para o demonstrarem.

“A sobrevivência do mais forte, que é o que todos têm em mente quando ouvem “evolução” e “seleção natural”, causou mais dano que qualquer outra teoria”, diz Hare. “As pessoas pensam na sobrevivência como o homem alpha que merece vencer. Não foi isto que Darwin sugeriu, ou o que se tem vindo a demonstrar. A estratégia mais eficaz na vida é a amigabilidade e cooperação, e é isso que observamos uma e outra vez.”

Os nossos leais companheiros cães são a prova disso mesmo. Lobos e humanos viviam e caçavam próximos uns dos outros. Habituados à presença humana, estes animais começaram a perder o medo que tinham e começaram a aproximar-se do Homem. Ao longo de várias gerações, perderam algumas das suas qualidades de predadores e passaram a conviver lado a lado com aqueles que anteriormente aterrorizavam.

“Infelizmente, os seus parentes próximos, os lobos, encontram-se ameaçados nos poucos sítios onde ainda habitam enquanto que existem centena de milhares de cães. Os cães são o bando de lobos que decidiram confiar nos humanos – em vez de caçar – e esse bando saiu vitorioso”.

Este sistema de cooperação é bem visível em várias espécies: as plantas com flor, por exemplo, fornecem alimento e energia e os animais tornam-se num transporte do pólen.

Os autores do livro estudaram também, dentro do mundo animal, os bonobos, uma espécie de primatas muito confundida com chimpanzés, mas que na realidade é muito diferente.

Os chimpanzés são lutadores natos, sempre prontos para a confusão. Os machos assumem o comando e podem tornar-se extremamente violentos, chegando mesmo a matarem-se uns aos outros. Por outro lado, os bobonos são liderados por fêmeas e são mais pacíficos. São generosos por natureza e retiram prazer ao partilharem os seus mantimentos com outros bonobos, ao contrário dos chimpazés que se tornam mais egoístas à medida que envelhecem.

Ao falar da reprodução, Hare explica que “o bobono macho mais amigável é mais bem-sucedido do que o chimpazé mais antipático”. Os bobonos acabam assim por terem mais descentes que os chimpazés – a simpatia revela ser uma mais-valia para a reprodução.

E para os humanos? O preceito é o mesmo. Para que continuemos a evoluir com sucesso, temos de ser uns para os outros, devemos abandonar um pensamento egocêntrico e de pensar somente no nosso bem. Temos de contemplar as necessidades do próximo. “Vencemos ao cooperarmos e ao trabalharmos em equipa. A nossa capacidade de comunicação permite-nos resolver o mais complexo dos problemas.”"

Os Amigos Nunca São para as Ocasiões


"Os amigos nunca são para as ocasiões. São para sempre. A ideia utilitária da amizade, como entreajuda, pronto-socorro mútuo, troca de favores, depósito de confiança, sociedade de desabafos, mete nojo. A amizade é puro prazer. Não se pode contaminar com favores e ajudas, leia-se dívidas. Pede-se, dá-se, recebe-se, esquece-se e não se fala mais nisso.

A decadência da amizade entre nós deve-se à instrumentalização que tem vindo a sofrer. Transformou-se numa espécie de maçonaria, uma central de cunhas, palavrinhas, cumplicidades e compadrios. É por isso que as amizades se fazem e desfazem como se fossem laços políticos ou comerciais. Se alguém «falta» ou «não corresponde», se não cumpre as obrigações contratuais, é logo condenado como «mau» amigo e sumariamente proscrito. Está tudo doido. Só uma miséria destas obriga a dizer o óbvio: os amigos são as pessoas de que nós gostamos e com quem estamos de vez em quando. Podemos nem sequer darmo-nos muito, ou bem, com elas. Ou gostar mais delas do que elas de nós. Não interessa. A amizade é um gosto egoísta, ou inevitabilidade, o caminho de um coração em roda-livre.

Os amigos têm de ser inúteis. Isto é, bastarem só por existir e, maravilhosamente, sobrarem-nos na alma só por quem e como são. O porquê, o onde e o quando não interessam. A amizade não tem ponto de partida, nem percurso, nem objectivo. É impossível lembrarmo-nos de como é que nos tornámos amigos de alguém ou pensarmos no futuro que vamos ter.
A glória da amizade é ser apenas presente. É por isso que dura para sempre; porque não contém expectativas nem planos nem ansiedade."

Miguel Esteves Cardoso, in 'Explicações de Português'

A lesma que queria ser caracol

Imagem em: Escola Britannica


Uma lesma andava a passear pela horta do dia e andava cabisbaixa. Não era feliz com a sua vida, porque queria ser caracol.
Nesse mesmo dia, ao fim de vaguear por umas horas, encontrou uma lâmpada caída no chão. Não era uma lâmpada qualquer, era a lâmpada onde vivia um génio da lâmpada.
A lesma, cheia de curiosidade, esfregou a lâmpada para ver se era mesmo verdade e havia génios naquelas lâmpadas, tão raras de encontrar. Saiu de lá um enorme génio que lhe disse:
- Lesma, tens 3 desejos. Estou a aguardar!
A lesma, apanhada de surpresa e com a sensação que o génio estava com pressa, disse:
- Quero uma couve verde, fresca e grande, uma couve coração de boi, para saborear; e a couve apareceu, com um aspeto delicioso... nham nham...
Depois daquele impulso inicial, disse ao génio:
- Quero couves para a vida inteira... Todos os dias uma folha destas...
O génio respondeu: - Desejo concedido.
O seu 3.º pedido, ainda mais ponderado, quis aquilo que desejava desde pequena, que era ser um caracol. O seu desejo foi concedido e apareceu uma casa às suas costas. Espetacular, magnífico, maravilhoso... o desejo de uma vida cumprido. Descansou na sua nova casa com um sono cheio de sonhos fantásticos.
No dia seguinte foi passear e encontrou um pinto da costa. Para sua sorte, agora era um caracol. Escondeu-se na sua casca dura enquanto o pinto da costa lhe dava fortes bicadas. Bicou, bicou, bicou até que perdeu o fôlego e foi embora.
Feliz e contente, o caracol que tinha sido lesma, foi para outra horta passear...
Mesmo não tendo necessidade de procurar novas couves.

P&T

O Beija-Flor e a catástrofe na floresta

Um dia, numa floresta magnífica, houve um fogo que estava a destruir tudo. A floresta estava posta em causa. Se ninguém fizesse nada, a floresta ficaria totalmente destruída.
Os animais estavam todos em pânico... Todos? Não... Havia um pequeno beija-flor que, apesar de sentir medo como todos os outros, não chegou ao pânico. Rapidamente olhou à sua volta para ver onde estava o lago e, com uma vontade imensa de salvar a sua casa, a sua região, dirigiu-se ao lago, apanhou água com o seu bico e voltou para a floresta lançando a água sobre o fogo.
A cena repetiu-se diversas vezes com um esforço colossal.
Alguns animais, no solo, começaram a olhar para o beija-flor e a achar que a sua ação era ridícula. Alguns riram-se e, no meio daquela catástrofe, ainda se ouviram algumas gargalhadas. Gozavam com o beija-flor por estar a lançar umas ínfimas gotas de água numas labaredas que pareciam infinitas.
Outros animais, que gostavam do beija-flor e queriam, de alguma forma protegê-lo do sarcasmo de outros, disseram-lhe:
- Beija, achas que tem algum efeito o que estás a fazer? São apenas umas gotas contra um fogo poderoso. Nunca vais conseguir apagar o fogo sozinho.
É provável que estejam certos - respondeu o beija-flor - no entanto, vou continuar a fazer o que estiver ao meu alcance... E seguiu para mais uma viagem de recolha e lançamento de água sobre o fogo.
O seu exemplo foi inspirador para outros animais e começaram a juntar-se ao beija-flor mais uns quantos que seguiam para o lago, recolhiam e lançavam água sobre o fogo. E mais se juntaram... E ainda mais... E não é que começaram a sentir que estavam a contrariar o fogo?
A floresta ficou bastante danificada, ficaram sem muitas casas, houve tristeza pelas perdas e sofrimento. Mas houve igualmente uma sensação de alegria, de dever cumprido, de certeza de que a colaboração, o esforço de cada um foi fundamental para que uma parte da floresta fosse salva. 

O que penso antes do jantar, segundo o Eneagrama!


Este está a ser um período difícil, por isso, antes de qualquer outro assunto, um grande abraço (à distância) para quem está na luta ativa contra o Covid-19 e também para quem está a fazer o que é pedido (a mim, pedem-me isolamento e estou a cumprir desde a semana passada).
Podemos pensar no que vamos fazer no pós-pandemia e como vai ser reunir com família e amigos.
Hoje, dia do meu aniversário, estou em isolamento. Acredito que noutros tempos o isolamento fosse bem mais complicado, pois o isolamento permite-me ter contacto com pessoas de quem gosto e que são importantes para mim. Hoje, com os facetimes, skypes, whatsup e outras plataformas similares, conseguimos estar em contacto, seja na vertente pessoal ou na profissional. Mesmo assim, já estou a planear uma festa de aniversário de arromba. Lá mais para o Verão... Ou no próximo ano... Quem sabe se faço uma semana de festa, com vários jantares!

Havendo vários jantares, um deles será com os Eneagramistas, que têm uma consciência grande das diferenças entre as pessoas. Sabendo que todos somos diferentes e já tendo visto algumas análises ao tema, fica aqui uma reflexão sobre o que cada tipo pensará, quando se estiver a preparar frente ao espelho, antes do próximo jantar:

1. Espero levar um vinho apropriado. E o dress code? Será que estou bem?
2. Espero que os meus amigos gostem todos uns dos outros. Eu estarei lá para os ouvir...
3. Espero fazer bastante networking. Vou contar a todos os meus sucessos.
4. Não estou com grande vontade de festas. Pode ser que percebam bem como a minha vida é difícil.
5. Queria ficar em casa a analisar os modelos matemáticos sobre a pandemia.
6. Tenho que me lembrar de dar comida ao cão... E não me posso esquecer de fechar tudo bem fechado.
7. Se não for um grupo divertido, eu faço-os divertirem-se à grande. Se não for possível, já tenho outras opções :-)
8. Só fico, se houver bom vinho, mulheres e música da boa! Comigo, seria um jantar memorável!
9. Espero que seja um jantar calmo, com todos a conviver harmoniosamente.

E cada um de vocês, que conhecem o vosso tipo? O que pensam quando se preparam para um jantar?

Sorte e saúde e que a força esteja connosco, para alcançarmos rapidamente a bonança!

CUIDA-TE!
KEEP SAFE!

Corona Vírus * COVID-19 * O lado positivo da tragédia

Fonte: Wikipedia
A luz que surge da sombra. Há várias notícias que nos dão esperança e fazem acreditar que a humanidade tem solução:












Os portugueses * A primeira Aldeia Global



"Os meus salvadores pagaram-me um copo de aguardente sul-africana, deram-me um maço de Rothmans, verificaram se tinha dinheiro suficiente na carteira e, depois, deixaram-me, de novo, entregue à cultura indígena. Nunca mais os tornei a ver. Foi a primeira vez que, pelo menos conscientemente, me tinha cruzado com portugueses - um primeiro encontro, não apenas com a sua extraordinária disponibilidade para ajudar um estrangeiro em apuros, mas também com o seu misto de fanfarronice, honra, ingenuidade e sangue-frio."

Martin Page, A Primeira Aldeia Global


Joker


Arthur Fleck é uma pessoa com uma doença psiquiátrica. Li recentemente uma entrevista com um psicólogo que dizia ser a melhor representação do riso patológico. Que este filme retratava a doença e a sua evolução de uma forma extraordinária. Foi nos primeiros dias do joker. Sem saber porquê, sabia que tinha que ver este filme.E valeu a pena.

Há imensas mensagens e análises que se podem fazer. Para memória futura, fico com as seguintes interpretações:
i.) O Joker era um doente a quem a sociedade tratou muito mal, o que agravou o seu estado. Não é preciso ser doente para que a sociedade ou as circunstâncias possam levar alguém a loucura e que possa cometer atos parecidos com os retratados no filme.
ii.) Tornou-se uma figura de proa, mesmo sem querer. Foi aclamado herói. Conseguem-se observar vários casos de pessoas que, sem querer ou sem sonhar com a dimensão das suas ações, começam movimentos cívicos e atividades de protesto que não se sabe onde podem parar. Como as massas seguiram um louco e a mensagem que percepcionaram como sendo a sua mensagem. Mesmo não havendo mensagem... A fronteira entre civilização e a barbárie é muito ténue. Umas mudanças, uma greve de camionistas, de enfermeiros, de homens do lixo e essa fronteira é posta em causa ao fim de pouco tempo. E atitudes bárbaras, que se vão espalhando facilmente, passam a ser cada vez mais comuns, para não dizer o normal.
iii.) Phoenix, Joaquin... Que grande papel!

Ler mais em:

Pai que perdeu filho e que trabalhava muito * Para me lembrar...


Este é um texto com o qual quero ficar... 
Para me lembrar sempre... 
Para me lembrar um dos motivos por que me tornei trabalhador independente...
Para me lembrar da excelente opção quando decidi ser trabalhador independente...
Para me lembrar do que tem valor na minha vida...
Para me lembrar como é bom acompanhar todos os passos deles...
Para me lembrar que consigo ir às suas festas escolares...
Para me lembrar que vou falar com frequência com os professores...
Para me lembrar que estou disponível para muitos momentos...
Para me lembrar que são a grande motivação para o que faço...
Para me lembrar quão importante é dar-lhes o exemplo na prática, e mais do que dizer que a família é importante, provar-lhes na prática que a família é importante...
Para me lembrar que assim estou muito mais feliz e realizado...

Por tudo isto, partilho o texto abaixo, que li na Crianças a Torto e a Direito

A mensagem do pai que perdeu o filho enquanto passava muito tempo a trabalhar: “É mais tarde do que pensam”by criancasatortoeadireitos



Notícia do Observador de 8 de setembro de 2019.


Storment estava numa reunião quando soube que o filho tinha morrido subitamente. Agora, arrepende-se de ter passado mais tempo a trabalhar do que com a família. E deixou conselhos no LinkedIn.

“Abracem os vossos filhos. Não trabalhem até muito tarde. Provavelmente vão arrepender-se de estar a gastar o vosso tempo nas coisas em que o gastam agora quando ele se esgotar.” Foi este o conselho que um pai deixou no LinkedIn poucas semanas depois de saber que o filho tinha morrido subitamente. E de perceber que, nos oito anos de vida da criança, tinha passado menos tempo com a família para se concentrar no emprego. O texto foi publicado por ele nas redes sociais e tornou-se viral.

Naquele dia, J. R. Storment tinha acordado cedo para trabalhar na FinOpsFdn, a empresa de que era presidente. Não se despediu dos filhos antes de sair de casa. Passado umas horas, estava numa reunião — a comentar que nunca tinha tirado férias desde que aceitou aquele cargo –, quando recebeu uma chamada da mulher: “J.R., o Wiley está morto. O Wiley morreu. Lamento muito, mais tenho de chamar o 112”.



Many who know of my son's death have been afraid to ask what happened. Others who don't have wondered why I've disappeared. Here is the story: https://t.co/Egjzj4u5TZ

— J.R. Storment (@stormental) September 4, 2019

Wiley, que havia sido diagnosticado com uma forma leve de epilepsia, que tende a desaparecer durante a adolescência, morreu durante o sono com uma “morte inexplicável e repentina de epilepsia”: “É visto como imprevisível, inevitável e irreversível quando é iniciado. Pode estar ligado a uma convulsão, mas muitas vezes o cérebro simplesmente desliga. Estatisticamente, era altamente improvável que atingisse nosso filho. Uma em 4,5 mil crianças com epilepsia é afetada. Às vezes acabamos a ser nós a estatística”, explicou o pai.

Agora que perdeu o filho, J. R. Storment diz-se arrependido por não ter passado mais tempo com a família: “Nas últimas três semanas, cheguei a um fluxo interminável de coisas de que me arrependo. Elas tendem a dividir-se em duas categorias. Coisas que eu gostaria de ter feito de maneira diferente e coisas com as quais fico triste por não o poder ver a fazer”.

É que, com cinco anos, Wiley já sabia que queria abrir uma empresa e casar quando fosse crescido. Aos seis anos, até já sabia com quem queria fazer tudo isso. “Ver o nome dele escrito na certidão de óbito custou muito. No entanto, dois campos do formulário esmagaram-me. O primeiro dizia: ‘Ocupação: nunca trabalhou’. E o seguinte: ‘Estado civil: nunca se casou’. Ele queria tanto fazer como duas coisas. Sinto-me feliz e culpado por ter tido sucesso em cada um desses dois campos”, desabafou J. R. Storment.

R. Storment termina a publicação a lembrar os internautas que é “mais tarde do que se pensa” para “gozar a vida”. O empresário recordou a letra de uma das canções favoritas do filho, chamada “Enjoy Yourself”, que diz:

“Tu trabalhas e trabalhas há anos e anos, estás sempre em movimento. Nunca tiras um minuto de folga, muito ocupado a fazer dinheiro. Um dia, hás-de te divertir quando fores milionário. Imagine toda a diversão que terás quando estiveres sentado numa velha cadeira de balanço. Diverte-te, é mais tarde do que pensas. Diverte-te enquanto estás na maior. Os anos passam tão rapidamente quanto um piscar de olhos. Diverte-te, que é mais tarde do que pensas“.

Invictus * Nelson Mandela













“Da noite escura que me cobre,
Como uma cova de lado a lado,
Agradeço a todos os deuses
A minha alma invencível.
Nas garras ardis das circunstâncias,
Não titubeei e sequer chorei.
Sob os golpes do infortúnio
Minha cabeça sangra, ainda erguida.
Além deste vale de ira e lágrimas,
Assoma-se o horror das sombras,
E apesar dos anos ameaçadores,
Encontram-me sempre destemido.
Não importa quão estreita a passagem,
Quantas punições ainda sofrerei,
Sou o senhor do meu destino,
E o condutor da minha alma.”

William Ernest Henley, 1988
Inspirou Nelson Mandela e ajudou a suportar os seus anos de prisão.

Será assim tão difícil ser boa pessoa? * Manuel Clemente * Público


people laughing and talking outside during daytime
Photo by Priscilla Du Preez, in Unsplash

Há textos com os quais nos identificamos imenso. Este é um deles... Se sou sempre boa pessoa, não estou certo, no entanto, todos os dias faço um esforço consciente para o ser! Acredito que a maior parte do tempo, o consigo! O melhor é ler o texto abaixo:

"Será assim tão difícil ser boa pessoa?

Os optimistas, nos quais eu gosto de me incluir, adoram pregar, por vezes de uma forma exaustiva, que o universo conspira a nosso favor. Acredito nisto plenamente, mas também tenho consciência de que é preciso fazer por isso.
Sou constantemente assaltado pela seguinte questão: porque é tão difícil ser boa pessoa? Já todos sabemos que comportamento gera comportamento, o amor resolve tudo e o karma, quando calha, pode ser bem tramado e, ainda assim, olhando para as atitudes de algumas pessoas, parece que existe uma tendência vertiginosa para o masoquismo. Se é óbvio que recebemos tudo o que damos ao mundo, não seria de esperar que as nossas atitudes fossem bastante diferentes? Parece demasiado simples para ser impossível.
Os optimistas, nos quais eu gosto de me incluir, adoram pregar, por vezes de uma forma exaustiva, que o universo conspira a nosso favor. Acredito nisto plenamente, mas também tenho consciência de que é preciso fazer por isso. A matéria-prima que utilizamos é crucial para a qualidade do produto final. Imbuído neste espírito de reciprocidade, decidi colocar à prova esta força intangível que, subtilmente, vai arquitectando aquilo que comummente apelidamos como “sorte” ou “azar”. Durante alguns dias, de forma consciente e propositada, facilitei a vida a todos os carros com quem partilhava o asfalto. Deixei que me passassem à frente, não apitei, agradeci, sorri e acenei. Enfim, se existisse um globo de ouro para o melhor condutor, eu seria um sério candidato ao prémio. Independentemente do resultado final, a experiência em si já me tinha dado um prazer do caraças. Sabe bem fazer o bem, até me senti mais leve. Mas não foi só isto... Sabem que mais? Como um bem nunca vem só, nesses dias, as pessoas também estavam “misteriosamente” simpáticas e agradáveis comigo. Como por magia, de repente, o comportamento dos outros condutores tornou-se num espelho do meu.
Isto não tem nada de novo nem de extraordinário. Porém, a distância que separa a teoria da prática não tende a diminuir. A ideia faz sentido, até que acreditamos, mas porque razão a impulsividade e o instinto de sobrevivência continuam a prevalecer? Porque será que, no momento de agir, tendemos sempre para o mesmo lado?
Quando somos crianças, fazemos amigos com imensa facilidade, metemo-nos com toda a gente e não pensamos muito nas consequências. À medida que crescemos, vamos sendo “preparados” para a vida e transmitem-nos, repetidamente, a ideia de que o mundo é uma selva e a sociedade está perdida. Somos postos em modo alerta e atentos a todos os perigos.
Acreditamos piamente no “eu e eles”, sem nunca colocarmos a hipótese de que tudo isto se resume a um maravilhoso “nós”. Chegamos ao triste ponto de confundir bondade com ingenuidade. Sempre que ouço “Ah, mas é tão boa pessoa”, acompanhado de um tom de voz mais doce e um ligeiro inclinar do pescoço, pergunto-me: “Onde raio é que nos perdemos?”. Ser correcto, generoso e bem-educado, hoje em dia, é mais visto como fragilidade do que como virtude. Isto faz algum sentido?
Fomos induzidos a acreditar numa ideia binária de que ou somos predadores ou somos presas, ora não fosse este mundo uma selva densa, cheia de perigos. Disseram-nos que, para ganharmos, alguém tem de perder. Tudo se transformou numa longa e insustentável competição. Infelizmente, a palavra “cooperação” ainda não consta da maioria dos dicionários. Fruto de toda esta inconsciência, acabamos por não perceber que, mesmo sendo um predador, mais tarde ou mais cedo, vamos ser vítimas dos danos que causámos. Tudo isto é um inseparável “nós”, lembram-se?
No que toca à questão se as pessoas são essencialmente boas ou más, eu partilho da opinião do músico brasileiro Criolo: “As pessoas não são más, elas só estão perdidas”. Provavelmente, a grande maioria das ditas “más pessoas” são apenas “ex-boas pessoas” que, calejadas pelas desilusões, fermentaram a amargura e começaram a destilar ódio. Será que resolve respondermos com ainda mais agressividade a estas pessoas? Não me parece. Apagar fogos com gasolina nunca deu bom resultado. Em vez disso, que tal experimentarmos aumentar a dosagem de compaixão e deixarmo-nos surpreender pelo resultado final? E não, não temos de o fazer pela pessoa em questão. Temos, essencialmente, de o fazer por nós, pelo nosso bem-estar e paz de espírito.
A definição de insanidade de Albert Einstein, na minha opinião, continua a ser a melhor de todas. Não podemos esperar resultados diferentes se fizermos sempre a mesma coisa. Quem semeia ventos muito dificilmente irá colher um dia de praia. Como optimista que sou, sei que melhores dias virão, basta começarmos por nós. No trânsito, no trabalho, em casa, onde quer que seja. Ser boa pessoa é grátis, só custa se não o formos. Cabe a cada um de nós dar o seu melhor para viver de forma mais sábia. Sim, é possível viver além daquilo que nos aconteceu. O passado não tem de ser uma sentença, caso estejamos dispostos a aprender, pode ser apenas uma lição e tornar-nos melhores pessoas. Que nada nem ninguém nos faça deixar o nosso bom fundo arrefecer. Afinal de contas, para realmente vingarmos na vida, não podemos, de todo, guardar qualquer rancor.
P.S.: Esta reflexão é dedicada a todas as pessoas que, de forma incansável, insistem em semear o bem e que nunca deixaram de acreditar na essência do ser humano."


Yoga

Retirada do Evento "Yoga ao Ar Livre"
O Yoga e os conceitos que o rodeiam é muito atrativo. Eu não sei o que é o Yoga, apesar de o ligar sempre a desenvolvimento físico e mental e, ao mesmo tempo, a uma filosofia associada à paz e harmonia no mundo. Esta minha perceção do Yoga sempre me fez ter uma imagem muito positiva do Yoga e dos seus praticantes.

Passou pela minha vida de forma pontual, mas sempre que passou, criou momentos bastante positivos e saí dessas poucas sessões com uma sensação de bem-estar e alegria. A primeira vez, foi num evento "Equilibra-te", organizado pela CADES e realizado no Grande Hotel do Luso. O segundo contacto, foi num retiro de Eneagrama, em que criamos o hábito de ir correr antes da ordem de trabalhos e o momento de relaxamento era proporcionado com a "Saudação ao Sol", momento gentil e magistralmente dinamizado pela Olga Moura.

Apesar destes momentos tão bons, tão significativos e impactantes , nunca tinha encarado a possibilidade de frequentar o Yoga de uma forma mais regular. Apesar de tudo, parecia-me que não era o desporto que me iria permitir combater a vida frenética a que o dia a dia conduz. Queria grande consumo de calorias, algo altamente dinâmico e frenético, tal como os dias passantes. Só assim, me sentiria bem e pronto para encarar a vida.

Este mês de Agosto, tive vários encontros que me fizeram repensar e querer perceber se o Yoga tem uma contribuição efetiva para uma vida mais equilibrada.

Encontrei-me com um grande amigo de infância, que tem feito coisas extraordinárias na sua vida. De tempos a tempos temos a oportunidade de nos encontrar e as nossas conversas permitem-me momentos  de aprendizagem extraordinários, pela beleza do ser humano que está à minha frente e pela sua forma de encarar a vida. Sempre foi desportista, em desportos com alguma dureza, e hoje, continua a praticar 2 desportos e acrescentou o Yoga. A surpresa foi saber que aquele desporto de que mais dificilmente abdicaria, seria o Yoga. Houve ainda o encontro com outra pessoa para conversar sobre o Eneagrama. Essa pessoa é praticante regular de Yoga e senti uma empatia enorme por si, pela sua abordagem à vida e às pessoas. Acabamos por dividir o tema de conversa entre o Eneagrama e o Yoga com toda a filosofia subjacente e com indicações sobre origens que se cruzaram. Saí da conversa fascinado e com maior vontade de conhecer e experimentar de forma mais consciente. Curiosamente, já tinha manifestado a vontade de estar no evento "Yoga ao Ar Livre" proporcionado pela maravilhosa Luiza da Costa Farias, que pouco ou nada me conhece e se manifestou de imediato disponível para todas as informações necessárias e para conduzir com calma a atividade de um "iniciado com a flexibilidade de tesoura com ferrugem em várias camadas". Pelo meio, ainda tive a oportunidade de falar com 2 amigos (a Sónia Nabais e o Paulo Nabais) sobre temas relacionados com o Yoga e as atividades que a Living Place está a iniciar nesta área (já as teve em anos anteriores).  Inscrevi-me no "Yoga ao Ar Livre", no Parque das Histórias, em Anadia e tive a boa notícia de que um grande amigo, o Miguel Midões, praticante regular de yoga e um exemplo sobre como conduzir a vida, também estaria presente. Claro que marcamos café antes do Yoga e pusemos uma ínfima parte da conversa em dia (ainda temos muito que conversar), e revi com muita satisfação a Cristiana. O momento pré-Yoga, com o Miguel e com a Cristiana, foi muito bom e estavam criadas as condições para mais um momento de Yoga sublime. E foi... A Luiza conduziu a sessão com muita mestria e no fim, havia uma satisfação generalizada. Eu descobri pelo menos 2 novos músculos, que durante o dia seguinte fizeram questão de me recordar frequentemente da sua existência e até agora, dois dias depois, ainda sinto e efeito positivo da sessão.

Assim, a resolução de Verão para o novo ano letivo/trabalho é encontrar tempo dentro de uma agenda super-hiper preenchida e muitas vezes caótica para momentos regulares de Yoga... Seja em sessões guiadas por algum especialista na área, seja em casa, sendo autodidata.

Se o Yoga passou algumas vezes na minha vida de forma leve e passageira, suspeito que desta vez veio para ficar.

Até breve. Vida Longa e Próspera!

Filhos... Pai até ao fim * Pai de 96 anos conduz filho ao médico

Para sempre no meu coração...
O que se faz pelos filhos... Sempre!
Quando fui à primeira consulta do meu filho mais velho, ainda na barriga da mãe, a obstetra perguntou se se havia alguma dúvida.
Respondi-lhe: dúvidas não... apenas alguns receios...
Respondeu-me: agora não há nada a fazer, os receios e as preocupações vão estar presentes até ao fim da vida.
Este vídeo mostra isso:


Posts relacionados:

O nosso maior medo * Marianne Williamson


Nosso maior medo não é o de sermos incapazes.
Nosso maior medo é descobrir que somos muito mais poderosos do que pensamos.
É nossa luz e não nossas trevas, aquilo que mais nos assusta.
Vivemos nos perguntando: quem sou eu, que me julgo tão insignificante, para aceitar o desafio de ser brilhante, sedutora, talentosa, fabulosa?
Na verdade, por que não?
Procurar ser medíocre não vai ajudar em nada o mundo ou os nossos filhos.
Não existe nenhum mérito em diminuir nossos talentos, apenas para que os outros não se sintam inseguros ao nosso lado.
Nascemos para manifestar a glória de Deus – que está em todos, e não apenas em alguns eleitos. Quando tentamos mostrar esta glória, inconscientemente damos permissão para que nossos amigos possam também manifestá-la.
Quanto mais livres formos, mais livres tornamos aqueles que nos cercam.

Marianne Williamson