Toastmasters: comunicação e liderança ou como ultrapassar o pânico de falar para audiências


Vou partilhar convosco um conceito que conheci em Junho de 2012 e que acredito que pode ajudar quem quer que se envolva: os Toastmasters. Estes clubes fazem parte de uma organização global centenária, que tem como finalidade principal desenvolver capacidades de comunicação e liderança dos seus membros.

A Toastmasters International é uma organização sem fins lucrativos, criada em de 1924, que é líder mundial na arte de comunicar e na formação de líderes. Tem sede nos EUA servindo quase 260.000 membros em 113 países e existem mais de 12.500 clubes Toastmasters no mundo. Os clubes têm como missão criar um ambiente de aprendizagem positivo e de suporte mútuo, onde cada membro tem a oportunidade de desenvolver as suas capacidades de comunicação e de liderança.

Os Toastmasters foram fundados há quase um século, quando Ralph Smedley, professor numa Universidade da Califórnia verificou que existiam sérias dificuldades de comunicação de alunos e de professores, seus colegas. Para ajudar a ultrapassar estas dificuldades, propôs a organização de jantares semanais em que os presentes fariam um discurso que seria avaliado pelos presentes, com a perspetiva de melhorar os pontos mais fracos nas apresentações e na comunicação.

O conceito Toastmasters permite a evolução e melhoria ao nível das competências para falar em público e ao nível da liderança. Tem como base o princípio “Aprender fazendo”. Não é uma formação, não é um processo de aprendizagem confinado no tempo, é um processo de aprendizagem contínua e em grupo.

Para finalizar, deixo a missão de um clube Toastmasters:
*Criar um ambiente de aprendizagem positivo e de suporte mútuo, onde cada membro tenha a oportunidade de desenvolver as suas capacidades de comunicação e de liderança, que por sua vez permitem o aumento da auto-confiança e o crescimento pessoal.*

Partilho um link para melhor conhecerem o conceito Toastmasters: http://toastmasters.org.pt/index.htm e a ligação FB do Coimbra Toastmasters Clube: https://www.facebook.com/CoimbraToastmastersClub.

Contacta um clube próximo da tua área de residência. Assiste a uma sessão. Com certeza que os elementos que te receberem, o vão fazer bem.  Gostamos de receber bem as visitas.

Partilho também um vídeo do Miguel Midões que, pouco tempo depois de entrar no Clube Toastmasters de Coimbra, já partilhava a sua experiência nos Toastmasters, explicando resumidamente o conceito.

Como vender mais pasta dos dentes?


Há histórias que deixamos de saber se são mito ou realidade. No entanto, independentemente da sua origem, são interessantes. Lembro-me de uma história ouvida algumas vezes nos tempos de Universidade, para demonstrar a influência que um anúncio pode ter nos consumidores. Já não sei qual foi a sua origem, mas retrata bem o poder da comunicação não verbal.

Uma empresa sentia necessidade de vender mais pasta dos dentes para que a sua rentabilidade atingisse os níveis planeados. Mas o mercado estava saturado. Dificilmente aumentaria a sua quota de mercado, a qual se mantinha estável há algum tempo. Nas infindáveis reuniões de equipas multidisciplinares, polivalentes e heterogéneas para analisar números, estratégias e o futuro, parecia que nada resolvia coisa alguma. Reuniam como nunca para alcançar os resultados de sempre. Diz-se que alguém, no meio de uma dessas multi/poli/hetero reuniões, disse: "Podemos fazer com que ponham mais pasta na escova!".

"Iluminado!" Gracejaram! 
"Ahah! O idiota de serviço deu uma ideia!" Comentaram! 
"Como é que ainda não tínhamos descoberto este génio?!?" Chalaçaram!

Não sei como, nem quem o fez, mas passado algum tempo, os elementos comunicacionais começaram a incluir imagens em que a pasta está colocada ao longo das cerdas da escova com a ponta final levantada. Fosse em elementos escritos ou na televisão, passou a ser comum ver quantidades superiores às necessárias. É comum associar a quantidade necessária de pasta de dentes a uma ervilha na escova. Ao cobrir toda a escova (zona das cerdas), podemos concluir que tem aproximadamente 4 vezes mais do que o necessário. Conseguiram aumentar as quantidades vendidas, apenas pela força do exemplo dado na publicidade que, ao longo dos anos, foi e é feita.

Chefia e liderança: conceitos gémeos falsos








A minha intenção não será a de encontrarmos semelhanças e/ou diferenças entre chefe e líder ou chefia e liderança. Se são sinónimos ou antónimos. Se é possível ser chefe sem se ser líder ou ser líder sem ser chefe. Seria como tentar perceber quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha.


Por isso, comecemos com o estudo da origem das palavras: chefe, deriva do francês chef, que por sua vez deriva do latim Caput, que significa cabeça, ou seja, aquele que encabeça determinada função, que tem responsabilidade por…
Líder tem origem na palavra inglesa leader, que significa liderar/chefiar – Por sua vez a origem é germânica, na palavra Laithjan, precisamente com o significado Chefiar.

Tendo em conta esta explicação, e muito embora a grande parte de nós saiba que não é bem assim, um chefe deveria ser um líder!

Então porque não o é?

Durante muitos anos, a Liderança foi estudada como sendo algo inato ao indivíduo. Determinado indivíduo é líder porque tem características de personalidade para o ser e que já nasceram com ele – ideia defendida pela Teoria dos TraçosGordon Allport, na década de 60, do século passado foi dos investigadores que mais estudaram esta teoria. E há hoje ainda quem partilhe (e bem) das ideias desta teoria, por isso leia-se:

“A chefia é um método, a liderança é um dom” – Meiri Tavares (Designer)


Contudo, atualmente percebe-se também que a liderança depende da aprendizagem social. É passível de ser aperfeiçoada, de ser trabalhada, pressupondo-se que todos nós temos um líder dentro de nós. Um líder não depende de si só! Um líder depende do grupo! Depende do contexto que o envolve, em que está inserido!

E que características deve ou pode ter um líder?

Deve sobretudo, entre muitas outras características, saber elogiar (orientar, coordenar, motivar, e a motivação é tanto, senão mesmo tudo para que se consigam atingir os objetivos) e criticar!
Criticar? Como assim? O líder deverá sempre fazer uma crítica ao trabalho desempenhado pelo liderado, mas a crítica deve ser construtiva.

“O líder fala com paixão, as pessoas não veem o que pede como um sacrifício, mas sim como uma causa” – Meiri Tavares (Designer)

Dizer ao liderado “que incompetência! Se fosse eu teria ficado muito melhor!” é destruir-lhe a motivação é roubar-lhe o ânimo!
Por sua vez, dizer algo do género “vamos ver onde falhámos. Vamos rever todo o processo e descobrir o que deu errado para, juntos, aprendermos com os erros” é uma crítica construtiva. É aprender com os erros.

E que tipos de de liderança podemos considerar?

Entre os inúmeros que poderemos encontrar enquanto se faz uma ligeira pesquisa na internet, deixo-vos o meu resumo em três:

Líder autoritário
(Aquele que impõe as regras, que não dá espaço à argumentação do grupo, que não permite liberdade de opinião)


Líder liberal
(É o também chamado “laissez-faire”. Tudo está bem. Deixa o grupo à deriva, onde cada um puxa/rema para seu lado. Talvez o pior dos líderes. Que vos parece?



Líder democrático
(Será, TEORICAMENTE, o líder ideal. Aquele que permite o cruzamento de várias opiniões e que depois orienta para a mais assertiva. Aquele que estimula, motiva os liderados para em conjunto chegar ao objetivo. Aquele que está junto na batalha!)


 E vocês, que tipo de líder existe em vós?
Despertem o líder que existe dentro de vocês!

Mulheres: suplemento de auto-estima


Gil Zamora, um artista forense a trabalhar no Departamento da polícia de S. José, fez o que se vê nos filmes: o chamado "retrato-robot" a partir da descrição de pessoas. Da própria e de terceiros. Pelo que se vê no anúncio da Dove, as mulheres que se caracterizaram, viram-se de uma forma mais crítica do que os terceiros que as caracterizavam, sendo o resultado do "retrato-robot" feito feito a partir da descrição das próprias, mais cruel para as mesmas, do que os "retrato-robot" feito através da descrição de terceiros, que resultavam num retrato mais agradável.

É muito positivo que uma marca de referência para uma grande maioria silenciosa feminina, diga, com evidências objetivas, que não precisam de esforçar tanto, pois já são melhores do que a imagem que têm de si próprias. Seria positivo que não fossem tão auto-criticas. Assim, vindo a mensagem de fora do seu círculo familiar e de amigos, talvez seja ouvida com mais atenção. 

Basta investirem 3 minutos a ver com atenção este anúncio e, no final, estarão mais bem dispostas:



Ver mais em: Anúncio da Dove sobre beleza feminina

Cegueira



Poderemos dizer que hoje não estou nos mais agradáveis dias. Mas, como há quem goste de adicionar limão nas saladas de fruta, sendo hoje um dia mais amargo, não resisti em partilhar com vocês as minhas palavras. 
Hesitei… pensei em não fazê-lo… 
Hesitei porque o Meababel tem sobretudo posts de incentivo, de ânimo, de vivacidade, mas como considero que reflete o estado de espírito de muitos de nós, acabei por considerar acertado partilhá-lo. 

Contudo, partilho-o com a certeza de que se trata (ou tratou) de um sentimento momentâneo, efémero, passageiro! Toca a arrebitar!

Cegueira

Sinto-me aprisionado,
Nas minhas próprias amarras.
Estou amarrado em mim,
Estou amarrado de mim,
Estou amarrado por mim!

Foi nó dado às cegas.
Fui cego, pelo nó cego que dei.
A cegueira corrói…

A gota de ácido forma-se.
Levanto a cabeça e já a vejo.
Pressinto que se aproxima e que toca,
Na pele que não existe,
Na ferida que persiste…
E não na corda…
Não no nó!

Miguel Midões – 20.05.2013

A importância das anedotas para a nossa compreensão do mundo.


Anedotas, piadas, jokes, são histórias com enredo surpreendente, património da oralidade, habitualmente recontadas e que pretendem por o ouvinte a rir ou a pensar.
São excelentes quebra-gelos, nas exposições orais.
Para o meu primeiro discurso público sugeriram-me, como ice breaker “conta a história da balzaquiana”. De facto a balzaquiana, em certos ambientes, é uma história com piada. Tem um cariz masculino nítido e um final perfeitamente inesperado.
Uma bela mulher feita, nos seus trintas, das que Balzac descrevia tão sedutoramente, decide ir ao médico porque se convenceu que era mesmo doença o que tinha. A sintomatologia prendia-se com o facto das suas glândulas mamárias, libertas dos constrangimentos da roupa, tinham um movimento ascendente, em vez de respeitarem a lei da gravidade. Convencida pelas amigas que era doença, foi ao médico. Ouvidas as explicações o médico disse, “vamos lá a ver isso”. Ela fez o que teria que fazer, despiu a blusa, tirou o soutien e, como esperava cumpriu-se o que dizia: voltaram-se para cima. O médico cofiando a barba, e depois de fechar a boca, lá foi dizendo que era uma doença rara, que ele nunca tinha estudado, mas que era contagiosa, lá isso não havia dúvida.
Como se vê é uma piada com contorno masculino, que nos faria rir e que, não sendo enxovalhante, vai bem em audiências habituadas ao cinismo do duplo sentido.
Quanto às anedotas que nos põem a pensar, pergunta-se, têm uma estrutura diferenciada? Não. Têm o condão de nos desvendar o mundo.
A que me ocorre foi relembrada depois dos ditos “atentados” recentes de Boston.
Coloquem-se na posição do governante, do detentor do poder e suponham que são confrontados com a seguinte situação. Aquela célula terrorista foi descoberta antes dos atentados e capturado um dos seus líderes. Há evidência suficiente para os classificar como terroristas e para saber que foi colocada uma bomba suja, algures na metrópole, que deflagrando pode provocar milhares de vítimas.
“Tic Tac”. Tem que ser descoberta e desativada. Não sabemos onde. Que fazer?
Reunido o Gabinete de Crise houve um debate entre duros e liberais.
Extraímos as informações do prisioneiro, esse terrorista. Com recurso a todos os métodos. Até às últimas consequências.”
Tortura, idade média, terrorismo, mortos, pesadelos. De facto entre a dor a infligir a um prisioneiro e a possibilidade de com isso evitar a morte de milhares de pessoas, nem há escolha numérica possível.
Atenção, nós somos humanos e distinguimo-nos da barbárie por alguma coisa, uma delas é um sistema de valores que respeita a vida humana e a liberdade de escolha”.
Será que essas duas prerrogativas estão no sistema de valores do terrorista em causa?
Será que esse terrorista se preocupa com a vida humana quando coloca bombas?
E nós que temos que tomar decisões queremos ser como eles? Baixar-nos ao seu nível de racionalidade? Antecipemos as consequências. Suponhamos que a escolha é pela tortura. Sabendo-se e estando nós em situação de guerra, quando os nossos soldados forem tomados como prisioneiros, serão seguramente torturados, pelo menos como gesto de vingança. Esta decisão vira-se contra nós”.
OK. Mitiga-se isso de qualquer forma. Nós pagamos. Mas essas práticas de tortura serão secretas e praticadas por outros, sem ligação à nossa nacionalidade, em sítios neutros e sem conexão ao nosso país.”
 A barbárie será assacada a outros.
“Olhemos então para a eficácia da medida, neste caso concreto. Se o que pretendemos é obter uma confissão, se o torturamos, qual a segurança que temos que ele nos diz o local da bomba e como desativá-la? Pode mentir-nos. Pode querer ganhar tempo. Ao tomar uma decisão de tortura deveríamos ser radicais: pegamos na filha dele, com 10 anos - não tem nada a ver com isto - mas infligimos-lhe dor a ela, na presença dele e garantimos a eficácia”.
Aqui a consciência do liberal funciona. Pegar num inocente e fazer dele, deliberadamente, uma vítima!? Isso é de muito difícil aceitação moral. Há limites. A decência. A consciência. A conformidade com os padrões ética e politicamente aceites.
Aqui a consciência do liberal pode dar um outro salto epistemológico: quem somos nós e o que estamos aqui a fazer? De facto estamos a tentar salvar vidas de pessoas inocentes. Mas como, porque meios? Tornamo-nos os acusadores, os julgadores e os executores deste terrorista, mas o objetivo é nobre: salvar vidas, pelo que podemos usar qualquer método? De facto o que nos move é a palavra terrorismo, que temos que banir e estripar: acabando com todos os terroristas. Como? Usando todos os métodos repressivos, inclusive a tortura?
Et voilá, temos uma resposta: “podemos ser inteligentes, mais inteligentes que eles e temos a tecnologia a nosso favor, vamos ver por onde ele andou, com quem contactou, o que disse, o que ouviu, e de seguro que com a mínima colaboração dele, conseguimos saber tanto quanto ele sabe”.
Daí que há satélites, camaras de vídeo vigilância, escutas, intersecção de comunicações eletrónicas, pesquisas a partir de traços biológicos, reconstrução e indexação de imagens, enfim, o big brother. Não temos tortura, mas temos a devassa da vida privada.
Como veem uma simples história que nos põe a pensar. Lembrem-se da Sofia de Melo Breyner: vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar.

Pela Pátria ou... Portugal! Portugal!


Numa competição europeia só pondero apoiar um clube não português, se não estiver nenhum clube português envolvido. Na final da Taça da Liga Europeia esse apoio torna uma dimensão ainda maior. Nestas finais, é Portugal que está a jogar.

O meu filho mais velho queria apoiar o clube estrangeiro, porque confundiu estrangeiro com Transmontano... e, tendo primos, tios e amigos por terras de Trás-os-Montes, queria apoiar a equipa da família e dos amigos para que eles ficassem contentes. A filosofia de base é a mais correta e lúcida que tenho encontrado nestas questões do futebol. Mesmo especialistas da área não conseguiriam ser mais sintéticos nos motivos encontrados para apoiar um clube que não o nosso. Com base nesta filosofia, vamos analisar de forma racional os dados do jogo.

Chelsea: 
1. Não tenho amigos do Chelsea. 
2. É uma equipa inglesa. O facto de ter jogadores portugueses não pode ser o motivo para apoiar uma equipa inglesa. Se for esse o motivo para se apoiar a equipa de outro país, vejo apenas como uma desculpa tão esfarrapada como dizer que a Apple é a minha empresa preferida porque tem lá alguns portugueses a trabalhar. Pode haver vários motivos, mas quem apresenta este motivo camufla as suas verdadeiras razões.

Benfica: 
1. Tenho família benfiquista. Tenho amigos benfiquistas. Ficariam felizes com a vitória do benfica. Eu ficaria também um pouco mais feliz com a felicidade da família/amigos.
2. É uma equipa portuguesa. Este facto deveria ser suficiente para apoiar qualquer equipa portuguesa no estrangeiro. Também é o prestigio de Portugal que está em causa.
3. Com a vitória, estará a contribuir não só para um prestígio intangível, mas para o ranking de Portugal na UEFA, com impacto direto e mensurável em todas as equipas portuguesas.

Posto isto, expliquei ao meu filho porque devia apoiar o benfica. Começou a gritar benfica, benfica, o que muito me estava a custar. Ainda lhe disse: "Apoia em silêncio, filho!", mas apoiar em silência não é coerente com um jogo de futebol, e muito menos com uma final emocionante como a que opôs o benfica ao chelsea. O meu filho mais novo, que ainda não se manifesta sobre estes assuntos, teve uma saída de mestre. Gritou: "Portugal... Portugal!"
Encontrou uma forma airosa de todos apoiarmos o benfica, sabendo que Portugal é mais importante do que os clubismos e os bairrismos tantas vezes levadas a extremos irracionais, mesmo por gente a quem se reconhece competência e racionalidade em muitas outras áreas.

Não é pensamento original, pois já li esta reflexão em autores conceituados, mas pelos comentários e lutas linguísticas que proliferam no dia seguinte a este ou a qualquer outro jogo, estou convicto que o futebol é um dos motivos maiores de discórdia entre regiões em Portugal. Vejamos o irracional apoio de vários adeptos de qualquer clube, seja do Porto, do Benfica, do Sporting aos clubes de outro país, quando jogam contra um clube português! Mesmo sabendo que o seu clube será desportiva e financeiramente prejudicado pelo menor desempenho de outro clube de um mesmo país. Felizmente, o ranking da UEFA faz-se por representantes de um mesmo país e não de regiões. Este bairrismo levado ao extremo é um dos fatores que maior divisão provocam nesta nossa Lusitânia.

O desafio
Havia uma anedota da época da adolescência da qual me ficou uma frase em que se dizia a determinado momento: "coloque a bandeira nacional na cara dela e faça-o pela pátria!" O desafio que deixo é: façam como a anedota, coloquem a bandeira de Portugal à frente da televisão e apoiem, seja qual for o clube português. Que o façam pela Pátria!

Algumas notícias sobre o tema:

Quando 15 EUR é extremamente caro para o comum dos mortais!




Cultura sim, mas a que preço?

Permitam-me contextualizar que sou um defensor acérrimo da cultura e sobretudo nos pequenos meios, descentralizados. Aliás, defendo mesmo que é na cultura e na educação que está o motor de desenvolvimento de um Povo.
Muito embora este assunto possa dar “pano para mangas” e obviamente trazer opiniões contrárias à discussão pública (o que é ótimo, porque não podemos nem devemos andar todos a pensar e a defender o mesmo…), hoje queria centrar-me no preço que se paga para ter acesso à cultura!

Um dia, uma grande amiga minha, quando em Nice assistíamos a um teatro de rua gratuito, “atacou-me” quando desculpei a incompetência dos atores com o facto de o teatro ser gratuito! Entendia eu, na altura, que por ser gratuito podia ser fraco!
Depois de uma grande lição de vida e de experiências gratuitas e melhores, percebi que há eventos culturais que, ainda que gratuitos, são de extrema qualidade.

Durante sete anos em Macedo de Cavaleiros, onde a melhor coisa que existia na cidade era o Centro Cultural, com atividades todos os fins-de-semana e a preços simbólicos de 2 ou 3 EUR, mais ainda me habituei a boa e acessível cultura! Vi Simone de Oliveira, vi Raúl Solnado, vi Orquestra do Norte, vi Marisa… (e continuava por aí fora porque sete anos é muito tempo…) ou gratuitamente ou a 2 euros. 

Hoje, achava eu que inserido numa região “mais evoluída” fosse mais facilitado o acesso à cultura. No entanto, pago alto o preço da cultura!
Aplaudo que existam espaços culturais na zona centro, porque existem e têm qualidade, mas ver Ana Moura a 15 EUR por pessoa, nos dias de hoje, nos tempos que correm, com a crise, com a Troika, com o aperto do cinto, com o contar dos tostões ao final do mês, com a subida dos infantários, com a subida do gasóleo, com a subidas das taxas nos hospitais, com…, com…, com…é caro demais para o comum dos mortais!



Imaginemos o que ficaria a faltar na despensa lá de casa se fosse ver Ana Moura com a minha esposa, ou seja, menos 30 EUR no orçamento mensal: (tudo marcas brancas)

1kg de arroz: 0,74
§     0.74 EUR
1kg de Douradas (peixe)
§     5,48 EUR
120g fiambre de frango
§     1,02 EUR
300g de brócolos
§     0,50 EUR
8 iogurtes
§     3,70 EUR
12l de leite
§     6,00 EUR
Queijo fatias
§     1,99 EUR
Fraldas n.º4   (76 unidades)
§     9,99 EUR
Pasta de dentes infantil
§     0,99 EUR
Total
30,41 EUR

                          Fonte: Continente on line
Infelizmente, cada vez mais a cultura será apenas para uma elite! E eu insisto: o desenvolvimento é como um avião com dois motores, sendo que um é a cultura e o outro a (boa) educação!